Não são poucas as denuncias de que população negra é a que mais vem sofrendo com a pandemia do vírus Corona. De acordo com os dados do Ministério da Saúde divulgados em 10 de abril apontam que 1 em cada 4 brasileiros hospitalizados com problemas respiratórios (23%) são negros, no entanto são 1 em cada 3 entre os mortos por Covid-19 (32,8%). Esse número foi divulgado à 20 dias atrás quando o total de óbitos no Brasil ainda era de 1.056 pessoas. A situação pode ser muito pior, pois 32% do total de vítimas até o momento não tiveram cor ou raça registrada.
Os dados mais recentes oficiais divulgados entre 10 de 26 de abril, registrou um aumento de pretos e pardos internados e mortos pelo coronavírus no Brasil. Divulgado domingo (26), pretos e pardos somavam 37,4 das hospitalizações e 45,2% das mortes. Segundo o G1, o comparativo entre os dois boletins há uma queda de 12 pontos percentuais nas mortes entre brancos, e um aumento de 12,4% entre os negros. De acordo com Secretaria de Saúde do Estado do Espirito Santo, dos 63 mortos pelo coronavírus até o dia 27 de abril no estado, o índice de mortalidade entre os negros é de 42,8%, dos brancos 19% e amarelos (origem oriental) é de 7,9%.
“A medida que o tempo passa a gente espera cada vez mais casos de negros, justamente por causa da discriminação. O coronavírus entrou no país entre as classes econômicas mais altas. O número absoluto é uma consequência desse processo. Daqui a pouco os números devem aumentar e ter mais casos nas comunidades mais vulneráveis e com menor estrutura de saneamento básico” – Marcelo Gomes, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No Brasil a maior parte da população preta e parda dependem estritamente dos hospitais do SUS, que em boa parte dos estados da país já estão colapsados.
Nos Estados Unidos também existem limitações sobre as informações relacionadas ao coronavírus e os afrodescendentes. Porém contam nos registros que em Chicago onde 30% da população é negra metade dos casos confirmados e 70% das mortes relacionadas ao Covid-19 são de pacientes negros. Michigan, 14% da população é negra, mas um terço dos casos e 40% das mortes são de pacientes negros. No condado de Milwaukee, onde 26% da população é negra, pacientes negros representam metade dos casos confirmados e 81% das mortes.
A situação dos negros é sempre mais periclitante, pois a maioria não tem planos de saúde e depende exclusivamente do estado, apresentam em grande parte comorbidades como diabetes, tuberculose, hipertensão, doenças renais crônicas. Além disso, a maior parte dos trabalhadores informais e que trabalham em serviços ditos “essenciais” são os pretos, eles usam transportes coletivos lotados todos os dias, moram em pequenas casas dividas com várias outras pessoas e etc., sendo assim a quarentena ou isolamento social torna-se praticamente impossível.
Mostrando a verdadeira face da desigualdade social, os grandes centros urbanos brasileiros começam a revelar os números de contaminados e óbitos por Covid-19 nos bairros ricos e pobres das capitais do país. Nos bairros ricos, onde a pessoa com sintomas do vírus chega nos hospitais privados e já é atendida, testada e se for o caso internada, as mortes são bem menores. Nos bairros pobres a situação é contrária, nos hospitais públicos onde a população só é atendida, testada e internada se estiver quase para morrer, os mortos estão se multiplicando rapidamente.
No entanto as centenas de denúncias não se concretizam em absolutamente nada, será apenas utilizada para demagogia eleitoral nos próximos dias. É preciso que o movimento negro organize e mobilize o povo para a ação. Se faltam remédios é preciso agir e toma-los da indústria farmacêutica, se morrem de fome, devem se organizar para tomar seus alimentos dos capitalistas. Os movimentos sociais tem que construir organizações nas regiões mais afetadas pelo capitalismo e formar os conselhos populares nas periferias e lutar intensamente contra a direita golpista e fascista que tomou de assalto o poder no país.