Cerca de 400 profissionais de enfermagem que prestam serviço nos hospitais Evangélico e da Vida em Dourados, Mato Grosso do Sul (MS), estão na iminência de decretar a greve geral da categoria na sexta feira (15). Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem do Mato Grosso do Sul (SIEMS), o motivo da greve seria por falta de pagamento e atrasos desde 2013, inclusive a pendência de pagamento do 13º salário de 2020.
O estado de greve seria definitivo se a empresas responsável pela administração dos hospitais, a Associação Beneficente Douradense (ABD), não apresentassem qualquer sinal de pagamento até o fim do expediente de ontem (13). Então, até o fechamento desta reportagem, a greve não foi decretada.
Aos motivos pelos quais a greve foi decretada, é preciso acrescentar a situação calamitosa que o MS se encontra em relação ao coronavírus. O estado é um dos que apresentam as piores taxas de contágio do País no momento. Hospitais estão abarrotados, sendo os privados com taxa de ocupação de mais de 90%, e os públicos já estariam com mais de 95% dos leitos ocupados. O ano de 2021 chegou e a região metropolitana não tinha sequer uma vaga disponível para internação por COVID-19 pelo SUS.
Numa reunião entre o SIEMS e o secretário adjunto da Secretaria de Saúde do município de Dourados, Márcio Figueiredo, a prefeitura declarou que o atraso do pagamento dos enfermeiros do Hospital da Vida ocorreu porque o governo federal não havia recebido o repasse dos salários. Já no caso do Hospital Evangélico, os recursos viriam da iniciativa privada.
A situação que os enfermeiros se encontram é criminosa, pois trabalham na linha de frente do tratamento do vírus sob alta possibilidade no risco de contágio e tendo, ainda, seus salários atrasados. Eles estão sendo jogados à morte por uma direita que ignora o coronavírus para garantir o lucro dos empresários. Os regulamentos de prevenção emitidos para forçar a convivência sob o risco da doença são uma completa fraude, sendo apenas uma desculpa para reabrir as empresas sem pensar no risco que a população corre. Esses regulamentos alegam estar fundamentados em preceitos científicos o quando a melhor maneira de prevenir o contágio é através do isolamento.
Já chegamos a quase um ano de pandemia e não foram construídos hospitais, não foram comprados equipamentos de tecnologia médica suficientes para o tratamento da doença, não foram distribuídos à população equipamentos de proteção e higiene. Não foi estabelecida uma política séria de testes em massa para isolar a parcela doente da população e não há uma política de vacinação, que deveria ter sido adotada pelo governo Bolsonaro, um governo que todos os dias negaram sua responsabilidade sobre o cuidado da população brasileira.
Somado a tudo isso, existe o fato de que os enfermeiros são os profissionais que mais estão presentes na linha de frente do enfrentamento do coronavírus, tendo que viver com a rejeição do governo Bolsonaro ao aumento dos salários dos trabalhadores da saúde, que são baixíssimos em relação ao dos médicos. A população está sendo sacrificada em nome de um ambiente de normalidade, em que a direita nega as altas taxas de contágio e ignora completamente as mais de 200 mil mortes por coronavírus no País.