Novamente foi relatada uma agressão a indígenas motivada pela intolerância religiosa, desta vez, uma mulher de 29 anos em uma aldeia próxima ao município sul-mato-grossense de Amambai, acusada de bruxaria e agredida com pedaços de pau, socos e chutes no último dia 12.
Este se junta a diversos outros casos de violência sob acusação de feitiçaria relatados nos últimos anos, em grande medida levados a cabo por outros grupos indígenas recém-convertidos por missionários cristãos. Armados de forma improvisada com paus, facas e chicotes, os grupos, cujos chefes aparecem vestidos como típicos pastores evangélicos, agridem mesmo mulheres idosas, muitas das quais são os últimos repositórios vivos de grande parte da cultura e idioma de povos indígenas, servindo como ponta de lança da campanha de setores empresariais e da própria burguesia imperialista contra os indígenas e trabalhadores sem-terra, entraves para o seu interesse econômico.
O proselitismo religioso, que avança sobre território indígena de forma muito mais sutil do que um exército de máquinas agrícolas e de mineração, tem como principal função pavimentar o caminho para este último, função já cumprida pelos missionários católicos séculos atrás e, hoje, principalmente pelas denominações evangélicas. Tornados “crentes” e abandonando a cultura indígena, demonizada pela religião, os grupos são encarregados de repetirem o processo com aldeias inteiras, se não pela retórica, pela força. A dispersão dos indígenas, apoiada por estes ataques à sua cultura e religião, é uma medida para limpar o terreno para o avanço dos interesses extrativistas, agropecuários e da especulação imobiliária sobre as reservas sem o alarde que seria causado se este avanço passasse por cima de aldeias ativas.
A Fundação Nacional do Índio (Funai), hoje presidida por Marcelo Augusto Xavier da Silva, delegado da Polícia Federal e homem de confiança da bancada ruralista do Congresso Nacional, cujo mandato veio para paralisar todos os processos de demarcação de terras e fazer a Fundação trabalhar contra os interesses dos indígenas, todas as corporações policiais e mesmo milícias de mercenários profissionais se colocam claramente como inimigos, não merecendo nenhuma confiança. Colocar para correr todos estes elementos resta como último recurso para a auto-preservação do povo indígena e impedir o roubo das terras e a destruição de sua cultura.