O Ministério Público da Paraíba (MPPB) pediu novamente a prisão do ex-governador Ricardo Coutinho. A demanda do MP pede a renovação da prisão preventiva dele e de mais outros 17 investigados provenientes da chamada operação Calvário, comandada pelo próprio órgão através do GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), pede também o bloqueio de contas, bloqueio de veículos e sequestro de bens
Os procuradores não deixam claras as necessidades da prisão preventiva, bem como não apresentam provas ou novas acusações contra Coutinho. Entre outras argumentações subjetivas o texto faz uma súplica ao magistrado, ao invés de apresentar argumentos para o pleno atendimento ao Código de Processo Civil (CPC), art. 311 a 316.
Ricardo Coutinho havia sido preso em 19 de dezembro último, por ter sido denunciado em delação premiada, principalmente, pela ex-secretária de Administração do Estado durante seu governo, Livânia Freitas, a partir da qual o MP concluiu que Coutinho seria o chefe de uma ampla organização criminosa que atuaria em todo o Estado. No dia 21 foi libertado via habeas corpus julgado pelo STJ por não ter sido comprovada a necessidade de prisão preventiva.
A operação do MP na Paraíba segue os mesmos moldes da operação Lava a Jato, tocada em conjunto pelo MP do Paraná e 13ª Vara Criminal de Curitiba, por Sérgio Moro, e apesar de toda repercussão propagandística da imprensa que incentiva a cada nova etapa, tem muito pouco de provas materiais a apresentar, se sustentando quase que exclusivamente na delação de figuras menores do cenário político, os quais são presos, torturados psicologicamente, ameaçados para que denunciem as figuras politicamente mais importantes.
Trata-se, na verdade, de uma operação política que visa enfraquecer o grupo de Coutinho dentro do PSB e dentro do Estado, visando retirar sua figura e seu grupo do cenário político, principalmente por fazer parte de uma ala nacionalista do PSB e ter sido contrário ao Impeachment da presidenta Dilma Roussef em 2016, da qual foi apoiador em seus dois mandatos e também aliado do ex-presidente Lula no Estado. A perseguição se justifica ainda mais dada a aproximação do processo eleitoral municipal no qual Coutinho vinha sendo apontado como favorito, uma disputa eleitoral que estará diretamente relacionada ao avanço da extrema direita no país que vem ganhando espaço frente à deterioração das figuras tradicionais da direita, as quais para não desaparecerem realizam um movimento à direita se aproximando da extrema direita bolsonarista, chegando a realizar expurgos de figuras próximas à esquerda ou nacionalistas, como é o caso de R. Coutinho.
Também é preciso deixar claro que juízes e procuradores fazem parte deste jogo político e fazem forte uso da máquina estatal para fazer valer seus interesses e de seus pares. O que ficou mais do que claro com as publicações do The Intercept Brasil que escancarou a conduta criminosa do grupo de Sérgio Moro em Curitiba. A forma de atuação do MPPB mostra que o esquema montado no Paraná está se espalhando pelo país e está sendo copiada por outras unidades do MP e do judiciário no restante do país, perseguindo inimigos políticos.
