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Escolas detectam fome infantil

Alunos desmaiam de fome em escolas públicas

Trabalhador já não consegue garantir a alimentação dos filhos - e esta não é sua responsabilidade

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Repercutiu nesta quarta-feira uma matéria da BBC News que relata casos de crianças de escola pública que passam fome e chegam a desmaiar em sala de aula. Segundo a matéria os casos de desmaio aconteceram no Rio de Janeiro e em Sumaré, interior de São Paulo. Conheça os casos relatados.

Zona Norte do RJ – escola da rede municipal pública

“Ela sentou e abaixou a cabeça na mesa. Eu estranhei e chamei ela à minha mesa. Ela veio e eu perguntei se ela estava bem. Ela fez com a cabeça que estava, mas com aquele olhinho de que não estava. Perguntei se ela tinha comido naquele dia, ela disse que não. Fui pegar algo para ela na minha mochila — porque eu sempre levo um biscoitinho ou uma fruta para mim mesma. Mas não deu tempo. Ela desmaiou em sala de aula.“

O relato é de uma professora da rede municipal do Rio de Janeiro. A aluna tem 8 anos, é negra e estuda em uma escola localizada em um complexo de favelas na Zona Norte carioca. O episódio aconteceu em setembro deste ano.

Sumaré, interior de São Paulo – rede estadual de ensino

“Nesse caso, nós percebemos na educação física, porque o aluno desmaiou na quadra. Aí, conversando, ficamos sabendo que ele ainda não tinha se alimentado naquele dia e já era o período da tarde”, relata a educadora, explicando que, na escola estadual, há apenas uma refeição por turno, na hora do intervalo (10h para os alunos da manhã e 16h para os da tarde).

O menino tem outros irmãos. E a mãe dele, que cuida das crianças sozinha e mora de aluguel, estava desempregada.

Os casos acima revelam ainda uma enorme instabilidade do ambiente em que vivem as próprias crianças. 

Instabilidade e mudança de ambiente

No caso do Rio de Janeiro, o deslocamento obrigatório das crianças de um ponto da favela para outro ainda mais precário: “Muitos alunos que antes moravam na favela em locais considerados razoáveis tiveram que se mudar para esses locais mais vulneráveis, porque lá não paga aluguel, não paga nada. Mas as casas são de madeira, em lugares muito complicados, como barrancos. Então está havendo uma migração interna, dentro da própria favela, de famílias que não estavam conseguindo se manter nos lugares por conta dessa crise econômica toda.”

Já em um caso do Paraná uma professora de língua portuguesa da rede estadual relata mudanças da rotina de crianças ocorreram por causa da perda dos pais ou avós, os responsáveis. “Tenho um aluno do 7º ano e a irmã dele está no Ensino Médio no mesmo colégio. Eles foram criados pela avó e, no ano passado, ela faleceu devido à covid. Eles simplesmente ficaram órfãos“. Eles que não têm nenhum recurso, passaram a viver sob cuidado de outros parentes.

Evasão da escola para o trabalho

Ainda no Paraná a educadora afirma que outra preocupação das professoras é com o aumento da evasão escolar entre os alunos um pouco mais velhos, que deixam o estudo para ajudar suas famílias. A prioridade deles é trabalhar e ajudar a levar o sustento para casa. Não é mais estudar, porque a fome é uma necessidade hoje”, relata.

Dos casos acima relatados é importante destacar: segundo os professores não se trata de casos isolados mas de números significativos. Professores diante da situação acabam se engajando no sentido de tentar aliviar o sofrimento dos estudantes em dificuldades: cestas básicas, lanches oferecidos na escola, vaquinhas, encaminhamento para a assistência social, …

Gratidão

Sim, é possível imaginar e reconhecer nos olhos uma profunda gratidão por um momento a mais de garantia da vida que uma cesta básica pode proporcionar em meio ao desespero em que população vem sendo jogada.

No entanto seria ingenuidade enxergar na gratidão pelas cestas básicas e outros auxílios emergências a solução para o tamanho da miséria onde foram lançadas uma camada enorme de famílias brasileiras mais vulneráveis.

O desemprego tem jogado um numero enorme de trabalhadores com suas famílias nas ruas. A inflação não garante ao assalariado o acesso aos produtos de primeira necessidade. O que dirá então sobreviver de doações de cestas básicas ou ajudas esporádicas?

A luta pela sua sobrevivência e de sua família não pode ser levada individualmente por cada trabalhador em tempos de crise econômica, crise política e pandemia. A vida do trabalhador e de sua família não pode depender da vontade e capacidade de se conseguir doações esporádicas aqui ou ali. São necessárias medidas políticas e sociais urgentes que alcancem todos os cantos do país.

Fora Bolsonaro e todos os golpistas

As medidas do governo Bolsonaro apenas aprofundam o problema da fome. Com valores variando entre R$ 150 a R$ 375, o auxílio emergencial era claramente insuficiente e ainda assim foi encerrado em meio a crise e a miséria. Também em outubro foi encerrado o programa Bolsa Família, que será substituído pelo Auxílio Brasil – uma transição angustiante de um benefício que não se sabe quem vai e quem não vai recebe-lo.

Mas a fome não é exclusiva e nem nasceu do governo Bolsonaro. Também no mandato de FHC foi necessário implementar programas sociais de distribuição de rendas como o Bolsa-Escola. A fome era tão marcante no fim do governo liberal de Fernando Henrique Cardoso que levou seu sucessor, o Presidente Lula a lançar no início do seu primeiro mandato o programa Fome Zero como medida urgente e com o simples objetivo de garantir a população 3 refeições diárias – um mínimo que se pode esperar de qualquer governo minimamente democrático.

Lula Presidente – garantir um governo dos Trabalhadores

Independente dos programas sociais anteriores ou apresentados pelo governo golpista de Bolsonaro, não foram e não serão estes pequenos  auxílios que conseguirão efetivamente resolver o problema da fome da população. 

É preciso exigir um conjunto de medidas, pois só um programa efetivo consegue tirar os trabalhadores da ameaça da fome e da miséria da política da direita e da burguesia para a população pobre e explorada do país. 

Lula é o único candidato à presidência com votos que garantem a vitória contra Bolsonaro ou contra qualquer outro golpista da terceira via pelas urnas. Não sendo Lula um candidato da burguesia, em se governo não só a sua eleição mas também as reivindicações da classe trabalhadora só podem ser conquistadas na luta permanente e organizada da classe operária nas ruas.

Um programa efetivo na luta contra a fome

Salário mínimo digno é o mínimo

O salário mínimo é mínimo e deve ser o patamar mínimo oferecido e deverá acompanhar o aumento da inflação. É preciso elevá-lo e assim garantir as necessidades do trabalhador durante o mês, como contas, alimentação, saúde, transporte, educação, lazer, vestuário etc. 

Demissões aprofundam a crise e a miséria

As demissões, estas sim devem ser proibidas para garantir a manutenção dos empregos. E mais: com a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais aumentar o nível de emprego e contratações.

Agricultura familiar contra a fome

Realizar grandes investimentos para a produção de alimentos de qualidade e logística coerente e facilitada.

Não a qualquer tipo de especulação e ganhos com a fome  

Garantir o preço dos alimentos e nenhuma especulação nos supermercados. Indústrias alimentícias precisam ser estatizadas e colocadas sob controle dos trabalhadores. Um programa emergencial e a distribuição de rendas são urgentes e precisam ser aprofundados e mais amplos. Com a realização da reforma agrária e com a expropriação do latifúndio, garantir a produção de alimentos para toda a população.

A conquista das reivindicações populares só será possível com a mobilização radical da classe operária e de todos os oprimidos, derrubando Bolsonaro e toda a direita, derrotando o golpe e garantindo a candidatura e eleição de Lula Presidente, formando assim um governo dos trabalhadores para os trabalhadores.

Às ruas, companheiros! Na luta pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas e Lula Presidente!

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