No começo desta semana foi publicada uma pesquisa eleitoral da CNT/MDA, na qual o candidato fascista Jair Bolsonaro (PSL) apareceu em primeiro lugar, com 28,2% das intenções de voto. Em segundo, Fernando Haddad (PT) chegou a 17,6% e o candidato abutre Ciro Gomes (PDT) ficou com 10,8%, na terceira posição.
A imprensa golpista, ao contrário do que em outras ocasiões, parece estar muito tranquila, mesmo com um candidato do PT chegando agora na vice-liderança da pesquisa. Os comentaristas da imprensa burguesa sinalizam a importância do chamado “voto útil”, ainda mais em um cenário que pode ser de polarização entre a esquerda, representada por Haddad, e a extrema-direita, representada por Bolsonaro.
Neste caso, ainda que as pesquisas sejam em certa medida manipuladas e não representem a realidade, teríamos um segundo turno entre o PT, cuja direita histérica e a burguesia não querem de jeito nenhum, e o fascista Bolsonaro – ou pior, o general Mourão –, cuja maioria da população despreza completamente.
Como foi discutido em artigo recente deste diário, o que teríamos seriam dois espantalhos: um da esquerda, em que parte da esquerda votará mas não tem apoio das ordas de direita e da burguesia, e outro da extrema-direita, em que tanto a população como as organizações de esquerda não votariam de forma alguma, especialmente no segundo turno.
Percebe-se, pela análise da imprensa burguesa, que Bolsonaro/Mourão não é o candidato da burguesia e do imperialismo – embora estes dois personagens façam de tudo para tentar ganhar a confiança dos burgueses e imperialistas, incluindo a venda do País. Um exemplo disso são as declarações de Mourão, que não esconde (pelo contrário, propagada por todos os cantos) seu ponto de vista reacionário, o que não seria de agrado da burguesia, cuja imprensa trata de demonstrar o caráter tresloucado de suas palavras.
Mourão, muito pior do que Bolsonaro – um troglodita completamente solto, atirando com balas de canhão contra todos os consensos impostos pela burguesia, atacando brutalmente as mulheres, negros, homossexuais, indígenas, pobres, brasileiros como um todo, afirmando que invadirá a Venezuela e causará uma guerra – serve diretamente ao jogo da burguesia.
“Não podemos votar neste monstro! Será um caos um segundo turno entre ele e o PT!”. Eis a cartada da burguesia para eleger justamente alguém de “centro”, fora da polarização e do extremismo. E quem aparece como o candidato desse “centro” é justamente o principal representante burguês, Geraldo Alckmin.
Nesse sentido, a subida de Haddad nas pesquisas e a liderança de Mourão (que tomou de assalto a cabeça da chapa) favorece Alckmin, que corre por fora. O político do PSDB sempre foi o favorito da burguesia e do imperialismo para governar o Brasil e entregá-lo completamente para os tubarões imperialistas.
Alckmin, visto a polarização entre “extremos” – de esquerda e direita –, está sendo apresentado como o “centro” no cenário eleitoral. Com medo de Bolsonaro e Haddad, os setores menos convencidos ideologicamente por suas candidaduras – ou, supostamente, mais moderados – estão sendo pressionados a votar em outro candidato, fora de tal polarização.
Alckmin, com todo o apoio da imprensa burguesa e de candidaturas artificiais da direita (Meirelles, Alvaro Dias e Amoêdo), favorecido pelo suposto cenário de caos com a polarização no segundo turno que, inevitavelmente, levaria a esquerda ou a extrema-direita ao governo, se beneficiaria dessa campanha.
A burguesia tem diversos mecanismos para fraudar as eleições (o mais importante deles, a prisão e impedimento da candidatura do líder mais popular do Brasil, Lula). Ela fará de tudo para colocar seu candidato no segundo turno. E este segundo turno poderá ser entre Alckmin e Bolsonaro/Mourão, pois o PT não pode ter a menor chance de vencer a eleições, para a burguesia. E Mourão não se pode suportar. Essa é a grande oportunidade da burguesia para emplacar seu candidato “puro sangue”, Geraldo Alckmin.