Na última semana, o vice-presidente do Brasil, o general Hamilton Mourão, eleito por meio de uma gigantesca fraude, cedeu uma entrevista à agência de notícias Reuters. Na entrevista, Mourão falou da crise mais recente do governo Bolsonaro, que está centrada nas acusações em torno do secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebbiano.
A postura do general Mourão na entrevista à Reuters deixa claro que seu cargo de vice-presidente não o coloca em posição inferior à do presidente golpista Jair Bolsonaro. Na verdade, Mourão deixa claro que quem “dá as cartas” é ele: “o que ocorre é que compete ao presidente chamar os filhos e dizer: ‘olha, fulano atua no Senado, sicrano na Câmara dos Deputados e o outro na Câmara de Vereadores. Façam lá esse trabalho de apoio às ideias do governo'”.
Para o general, era hora de Bolsonaro “dar uma ordem unificada às crianças”, isto é, o comando para colocá-los na linha.
Esse tipo de conselho, no entanto, tem se tornado cada vez mais frequente. À agência de notícias Bloomberg, Mourão declarou recentemente: “diz a velha prática que roupa suja a gente lava no tanque da casa e não da casa dos outros. Esta crise está ligada às denúncias em relação aos gastos de campanha do PSL e a um certo protagonismo do filho do presidente que, no afã de defender o pai, interferiu levando as discussões e debates em rede social que acabam sendo de domínio público, o que não é bom”.
Em matéria publicada ontem pelo Portal G1, o general Mourão afirmou: “eu acho que se o presidente quisesse o Carlos no Palácio do Planalto, ele teria nomeado ele lá”, fazendo alusão ao filho do presidente golpista, Carlos Bolsonaro. Já na entrevista dada à agência Reuters, o general disse: “eu acho que ficou chato essa discussão via imprensa”, fazendo referência às declarações de Carlos Bolsonaro pelas redes sociais sobre o caso Bebbiano.
Em novembro de 2018, Carlos Bolsonaro havia dito que a morte de seu pai interessaria “aos que estão muito perto”, isto é, aos seus aliados. Carlos Bolsonaro não revelou quem seriam esses aliados interessados na queda de Jair Bolsonaro, mas é possível que estivesse falando do próprio vice-presidente Hamilton Mourão.
Mourão foi colocado como vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro para garantir que os interesses dos setores mais predominantes da burguesia sejam satisfeitos. Se Bolsonaro é um político de carreira tortuosa e dono de uma estratégia confusa, Mourão representa a alta cúpula das Forças Armadas. É, portanto, o porta-voz dos interesses do imperialismo e do mais importante aparato de repressão brasileiro.
As declarações de Mourão à Reuters só reforçam o fato de que o governo Bolsonaro, que é um governo improvisado, se encontra em crise. É necessário que os trabalhadores e os setores democráticos intervenham decididamente na situação política, lutando pela derrubada imediata de Bolsonaro e todos aqueles que compõem o regime político golpista.