O cartunista, ilustrador e desenhista gráfico Bruno Liberati faleceu faleceu na manhã desta sexta-feira (26), aos 71 anos, no Rio de Janeiro. A causa da morte ainda não foi divulgada, mas segundo relatos há a suspeita de Covid-19.
Liberati passou por alguns dos principais órgãos da impressão burguesa no Brasil, como o Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e as revistas Visão e Veja Rio. No entanto, começou sua trajetória no mundo das ilustrações ainda no período da ditadura militar (1964-1985), trabalhando na chamada “imprensa alternativa”, isto é, a imprensa que fazia oposição à ditadura.
Graduou-se em 1973, em Ciências Políticas e Sociais na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Exerceu,
durante cinco anos da década de 1970, os cargos de assessor comunitário e técnico em comunicação social
numa fundação que operava em bairros periféricos e favelas.
Foi justamente nessa época que passou a desenhar na imprensa de oposição ao regime ditatorial. Juntou-se à equipe do jornal “Movimento”, um dos principais órgãos da imprensa de esquerda no país durante esse período, ao lado de “O Pasquim” e “Opinião”.
O “Movimento” circulou regularmente até 1980, quando começaram a ocorrer ameaças e atentados, por parte de setores da extrema direita, contra bancas de jornal em São Paulo, Londrina, Rio de Janeiro, Goiânia e Salvador. Os elementos fascistas acusavam os jornaleiros de fazerem “propaganda do comunismo” pois vendiam jornais da imprensa alternativa. Chegaram, inclusive, a elaborar uma “lista negra” na qual elencavam os alvos a serem exterminados — o jornal Movimento figurava nela. Incêndios de várias bancas de jornal acabaram por aterrorizar os jornaleiros, obrigando-os a deixar de vender os jornais alternativos e assim determinando o fim da sua circulação. O Movimento deixou de existir em 1981.
Já no final dos anos de 1970, o cartunista ingressou no Jornal do Brasil, atuando como jornalista ilustrador. Durante
33 anos exerceu cargos de subeditor de arte, ilustrador e chargista. Paralelamente escreveu diversas resenhas de
livros, críticas de filmes e crônicas publicadas nos diversos cadernos do jornal. Em 1995, publicou o livro “Era uma vez um Brasil: história espremida de Cabral a FHC”.