Nesta quarta-feira, 17, no Hospital de Campanha de Porto Velho(RO), morreu mais uma vítima de Coronavírus. Dessa vez foi o último homem indígena da etnia juma. Amoim Aruká tinha 86 anos, estava internado desde o dia 2 de fevereiro, e deixa três filhas e uma neta como sobreviventes da etnia diante dessa pandemia, que está em escala ascendente e cada vez mais trágica e insuportável diante das ações genocidas da burguesia brasileira. As informações da morte de Aruká vieram da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindê.
A etnia Juma no século 18 tinha em torno de 15 mil pessoas, mas os massacres constantes realizados por latifundiários, inclusive recentemente, e o extrativismo dos ciclos econômicos da região(borracha, madeira, castanha, mineração)fizeram essa população migrar e reduzir significativamente. Em 1940, eles ficaram em torno de 100 pessoas e em 2021, segundo informações de Nacho Lemus, correspondente da Telesur, foram reduzidos a cinco membros. “Não haverá descendentes Juma(…).Hoje se consuma um genocídio de décadas”, disse Lemus.
Sonia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil(APIB), considerou “dolorosa” a morte de Aruká. Segundo Guajajara, a morte de Aruká é “um genocídio comprovado, mas nunca punido, que levou seu povo ao extermínio quase total. Com um povo, sua ciência e sua memória morrem. Perca a humanidade e perca nosso futuro. O estado deve ser responsabilizado por tais crimes e irresponsabilidade. Vamos lutar por justiça!”
A morte do indígena é mais uma dentre muitas outras que virão se o Estado brasileiro continuar com sua farsa de combate à pandemia e não agir de fato para atenuar o sofrimento da população brasileira. As maiores vítimas desse genocídio serão as populações mais carentes e oprimidas, como os índios, os negros, as mulheres e demais minorias exploradas pelo regime. Está em marcha um recrudescimento dessa tragédia. As vacinas, que poderiam atenuar o índice de contaminação, já foram interrompidas, sem nem sequer vacinar 5% da população. A etnia Juma sofreu por décadas os ataques dos latifundiários, motivo pelo qual sua população foi reduzindo drástica e violentamente. Agora, diante da pandemia, com a irresponsabilidade e ação genocida do Estado burguês brasileiro, os quatro sobreviventes da etnia Juma e demais tribos indígenas poderão estar na iminência do seu fim.
É preciso organizar a população brasileira o quanto antes para derrotar nas ruas esse governo genocida de Bolsonaro e seus asseclas nos governos estaduais. Do contrário, infelizmente, assistiremos a esse tipo de massacre a cada dia.