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Frank revelou a alma dos EUA

Morre o fotógrafo Robert Frank

Faleceu Robert Frank, fotógrafo suíço que reinventou a fotografia documental e desvendou parte da alma dos norte-americanos nos anos 1950, revelando suas contradições sociais.

Nascido em Zurique, em 9 de novembro de 1924, faleceu no último 09 de setembro, o fotógrafo Robert Frank, aos 94 anos.

Robert Frank é, sem dúvidas, um dos fotógrafos mais influentes do século XX, tendo mudado o que até então se conhecia como fotografia documental, com um estilo visualmente cru e expressivo de uma forma muito pessoal.

O suíço chegou nos Estados Unidos da América em 1948, aos 23 anos, e viajou pelo país nos anos 50, fotografando. Produziu o livro The Americans  (Os americanos), publicado inicialmente em 1958 na França[1] que provocou reações as mais diversas ao trabalho de Frank, inclusive a acusação de não ser fotografo[2].

A verdade é que  o livro “Os americanos” desafiou a fórmula do fotojornalismo padrão naquele momento, que era definida por imagens nítidas, bem iluminadas e compostas de forma clássica. As fotografias de Robert Frank, que privilegiou pessoas comuns e fatos do cotidiano, indivíduos solitários, casais adolescentes, grupos em funerais e estranhos rastros da vida cultural. Suas fotos são classificadas como cinematográficas, ‘instantâneas’, diretas. Às vezes desfocadas e granuladas,  como as primeiras transmissões de televisão da época.

Lembrando que os anos 50, em particular nos EUA, no imediato pós-Guerra, respirava-se a ideia de uma América heróica, em que o otimismo do sonho americano era retratado de forma exagerada em filmes e programas de televisão.

O que Robert Frank fez foi mostrar o trágico por trás da badalada bonança econômica norte-americana, ressaltando a violência da segregação racial, as desilusões, os contrastes, a desigualdade.

Charlie LeDuff[3] comenta sobre o fotografo suíço:

“Patriotismo, otimismo e vida suburbana limpa eram a regra do dia” (…). O mito era importante na época. E vem Robert Frank, o homúnculo peludo, o judeu europeu com sua Leica de 35 mm, tirando fotos de velhos homens brancos revoltados, jovens negros revoltados, senhoras sulistas severas, índios nos bares, ele/ela em becos de Nova York, a alienação na linha de montagem, o sul segregacionista da linha Mason-Dixon amargura, dissipação, descontentamento. “

Frank decidiu não morar nos Estados Unidos, que, segundo ele mesmo, aprendeu a conhecer e admirar, pois alimentava a ideia romântica de localizar (e exaltar) o que seria verdadeiro e bom naquele país que o acolhera. O fato é essa ilusão não durou muito.

Quando faleceu, morava na Nova Escócia, Canadá, local para onde se mudou no início dos com June Leaf, sua segunda mulher. Pode-se dizer que ele nunca deixou de sentir-se um estrangeiro e que não compartilhava, depois de conhecer por dentro a sociedade americana, um estrangeiro. Ele diz de si mesmo: “Cheguei aonde queria chegar, mas não era o lugar que esperava encontrar. Ainda continuo sendo um outsider[4]

 


NOTAS:

[1] “Les Americains” (1958), título da obra publicada pela primeira vez na França por Robert Delpire, usou as fotografias de Robert Frank como ilustrações para ensaios de escritores franceses. Na edição americana (de 1959), publicada pela Grove Press, as fotos contaram sua própria história, sem texto, exatamente como Frank havia concebido o livro.

[2] Em 1963, comentava que “Aquela viagem me fez gostar da América”. Apesar disso, mesmo obtendo a nacionalidade norte-americana, foi acusado de ser antiamericano.

[3] Em https://www.vanityfair.com/culture/2008/04/frank200804

[4] Em entrevista ao crítico britânico Sean O’Hagan em 2004.

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