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Imperialismo fúnebre

Morre o banqueiro mais rico do mundo no país dos miseráveis

Fiel ao neoliberalismo, o latifundiário, banqueiro e empresário Joseph Safra morre aos 82 anos, na quinta-feira, deixando seu legado assassino e demolidor para sua família

Morre Joseph Safra, o homem mais rico do Brasil, e o banqueiro mais rico do mundo. Nesta quinta-feira, foi noticiada sua morte por causas naturais, depois de 82 anos seguindo adepto a sua tradição no mercado financeiro. Como todos os outros banqueiros, Safra enriqueceu por sua fidelidade no substancial da política neoliberal, extorquindo o dinheiro do estado – a riqueza do povo – e financiando a miséria e destruição.

 

 Um profissional astuto como ele, com crueldade e firmeza para dirigir e organizar as grandes crises da humanidade, não aprendeu nada sozinho. Nascido em Beirute, Líbano, Safra foi descendente de uma longa linhagem de banqueiros, que financiavam e faziam o câmbio de moedas e ouro entre mercadores da Europa, Império Otomano, África e a Ásia. Desde cedo trabalhou no banco de seu pai, que veio para São Paulo para fundar o Banco Safra, hoje a 4ª maior instituição financeira privada do país. Hoje, sua fortuna supera a de qualquer outro brasileiro, ultrapassando Lemann, com o estimado de R$ 119,08 bilhões, segundo a revista Forbes, o que também o coloca como o banqueiro mais rico do mundo, dono não apenas do Banco Safra, mas do J. Safra Sarasin, na Suíça.

Joseph concluiu seu segundo grau na Inglaterra. Depois disso, seguiu para os Estados Unidos para trabalhar no Bank of America. Só em 1962, ele se juntou a seu pai e irmãos no Brasil para tocar a instituição financeira fundada cinco anos antes. Após a morte de seu pai em 1963, os irmãos Safra continuaram tocando a instituição financeira, com sua experiência de mais de um século como banqueiros, a qual certificou o sucesso da família no ramo, bem como conquistou a confiança dos setores mais nefastos da sociedade.

Não por acaso, tal fortuna foi construída em um País de famintos e miseráveis. De sua mansão de 100 cômodos e 11 mil metros quadrados, a família Safra colaborou e arquitetou os regimes sanguinários e as táticas de terra arrasada contra o povo brasileiro. Conhecidos por serem patronos da privatização, responsável pela fome na década de 80 e 90, a família também teve ganhos colossais com a ditadura militar, especialmente nos esquemas criminosos de grilagem de terras no norte de Mato Grosso.

Lá, em 1967, já sob a ditadura militar, a família de Joseph Safra obteve 50 mil hectares de terras na Bacia do Araguaia, região de ocupação do povo Xavante. Mais de cinco décadas depois, as fazendas do grupo Safra ainda estão no município de Água Boa em nome de duas empresas do grupo, a Pastoril Agropecuária Couto Magalhães S.A. e a Agropecuária Potrillo S.A., empresas milionárias, com milhares de cabeças de gado e imensas plantações de soja.

Ao olhar mais a fundo, o que já é previsível, percebe-se a barbaridade e os esquemas sujos típicos das fortunas latifundiárias, que com o apoio dos genocidas da ditadura militar, expandiu sua destruição. A Agropecuária Couto Magalhães, tem um único sócio: Joseph Yacoub Safra, e é mencionada em um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), de dezembro de 2020,  ao lado da Agropecuária Suiá Missu, entre as empresas que obtiveram incentivos fiscais da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Como consta no relatório, a concentração fundiária na região dos formadores do Xingu “se deu por intermédio da grilagem de terras originalmente indígenas”. E, conforme a versão oficial, por meio de incentivos do governo a empresários do Sul e Sudeste, “com a venda de grandes extensões de terra a preços irrisórios e com os incentivos fiscais da Sudam”.

Ainda de acordo com o ISA, a derrubada da mata para o projeto de expansão pecuária era uma condição para a titulação da terra. Assim sendo, Safra não podia deixar de se beneficiar dos incentivos fiscais da ditadura para expandir seus negócios. No caso, o norte do estado do Mato Grosso foi o maior beneficiário desses incentivos fiscais, entre 1965 e 1978. Em particular ao longo da BR-158, que passa por Água Boa.

A empresa é presidida por João Inácio Puga, vice-presidente e conselheiro do grupo Safra denunciado pelo Ministério Público Federal em 2016, no âmbito da Operação Zelotes. Ele foi acusado de negociar propinas de R$ 15,3 milhões com servidores da Receita Federal, para a obtenção de decisões favoráveis no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A operação denunciou um grupo de funcionários que favorecia empresas com dívidas milionárias com a União. Entre elas, a JS Administração e Recursos, tinha multas de mais de R$ 2 bilhões no Carf. Em 2017, a Procuradoria da República no Distrito Federal pediu dez anos de prisão para o executivo, denunciado também por corrupção passiva e obstrução da justiça.

Como se não bastasse, nesses casos sempre há mais baixeza, um estudo da historiadora Maria do Socorro de Sousa Araújo na Unicamp, mostra que os 50 mil hectares para a empresa do grupo Safra fizeram parte de um financiamento muito maior no Vale do Araguaia mato-grossense, destinado a empresas que controlavam 2,17 milhões de hectares. 

Outro bom exemplo da “benevolência” dos Safra, foi a compra conjunta entre o Safra e a Cutrale, que adquiriu por US$ 1,3 bi a empresa de bananas Chiquita Brands, antiga  United Fruit. Essa, participou ativamente do financiamento das ditaduras na América Latina. Ela é responsável pelo Massacre das Bananeiras, de 1928, quando mil grevistas foram metralhados por militares no município de Aracataca, em defesa da United Fruit.

Antes, ela foi comprada em 1969 pela Zapata Corporation, quando a United Fruit mudou seu nome para Chiquita Brands. A mesma que teve de pagar US$ 1,7 milhão ao Departamento de Justiça dos EUA, por ter financiado – com US$ 25 milhões – grupos paramilitares responsáveis pelo massacre de camponeses, em áreas de plantação de bananas.

O jornalista Peter Chapman descreveu os horrores relativos à empresa no livro “Bananas – How the United Fruit Company Shaped the World” (Canongate, 2009). Entre outras ações da empresa – cujas iniciativas políticas inspiraram a expressão “república das bananas” – estiveram um golpe na Guatemala e o envolvimento na invasão de Honduras.

“Se escolher navegar os mares do sistema bancário, construa seu banco como construiria seu barco: sólido para enfrentar, com segurança, qualquer tempestade”

O lema da família Safra demonstra muito bem seu caráter político. O principal setor de sustentação do imperialismo, o sistema bancário, que se aproveita da crise, da fome e da miséria para explorar ainda mais o povo e sanar suas dívidas, é muito bem representado por Joseph Safra. Os podres de sua vida política e econômica precisam ser denunciados sistematicamente, e sua enorme fortuna precisa ser tomada para o povo que hoje segura a crise nas costas. Infelizmente, sua morte não garante nenhum fim ou benefício real para a classe trabalhadora, sem que ela tome o poder para si, os tubarões semelhantes a Joseph Safra, a começar por seus herdeiros, estarão a postos para estrangulá-la.

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