A semana foi marcada, mais uma vez, por uma disputa interna entre setores da direita que apoiaram o golpe de Estado de 2016. Na segunda-feira (15), o sítio O Antagonista foi notificado de uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenando que tirassem do ar uma matéria. A matéria se referia a outro ministro do STF, Dias Toffoli, que seria “o amigo do amigo do meu pai” citado em um email de Marcelo Odebrecht, incluído nos autos da Lava Jato.
A decisão de Moraes tinha sido tomada na sexta-feira anterior (12), como parte de um inquérito aberto pelo STF para apurar a publicação de fake news, supostas notícias falsas contra o Supremo. Ao longo da semana, houve uma forte reação de diversos setores que apoiaram o golpe, e até mesmo a censura em casos anteriores (como na proibição de Lula dar entrevistas no ano passado durante as eleições). Até mesmo outros ministros do STF se posicionaram, como o decano Celso de Mello, que classificou a “censura” como “intolerável”.
A censura, condenada pela imprensa de conjunto, pela OAB e por ministros do STF, acabou sendo suspensa na quinta-feira (18). Alexandre de Moraes revogou sua própria decisão e voltou atrás. Deixou de valer a censura contra as matérias publicadas pelo sítio bolsonarista e porta-voz da Lava Jato, em mais uma etapa da luta entre STF e a própria Lava Jato.
Crise interna
Crises como essa têm sido frequentes entres os setores da direita golpista. Seja dentro do governo Bolsonaro, ou entre as instituições dominadas pela direita. No Congresso, as pautas do governo seguem paralisadas e o governo não consegue se articular em torno de seu programa. Enquanto isso, o STF entra em um embate com a Lava Jato, desde a tentativa do procurador Deltan Dallagnol que abocanhar R$2 bilhões da Petrobras roubados pelos EUA em um “acordo” com a justiça norte-americana aceito pela estatal.
Essas crises, no entanto, não vão derrubar o governo de extrema-direita sozinhas. O governo não vai cair de podre, o próprio governo de Michel Temer demonstrou que não funciona assim. Depois da greve dos caminhoneiros do ano passado, o governo perdurou por meses sem nenhum apoio.
Os trabalhadores precisam aproveitar a confusão da direita golpista para intervir na situação política com uma política própria. A esquerda e as organizações operárias precisam se mobilizar contra o governo, pelo “fora Bolsonaro!”, para dar uma perspectiva política para o país, de saída da crise.