População de rua teme fome durante pandemia
“Fica dentro de casa, aconselha o governo. E nós, que moramos na rua, fazemos o que?”, questiona Celia Regina, moradora de rua, na Lapa, Rio de Janeiro, mostra papel amassado com instruções, que não contempla os “sem casa”, os que moram , como ela, na rua. Lapa, é bairro que atrai turistas, potenciais transmissores do coronavírus, que vem do mundo inteiro. Recomendações das equipes de promoção de saúde da prefeitura carioca são totalmente inócuas. “A precaução que estou tomando é deitar no chão e continuar aqui”, a lacônica resposta de Célia Regina.
“Deus, é quem nos protege e guarda. A gente deita e dorme todos os dias na calçada, onde todo vírus e bactéria vive. Como nada me pegou até hoje, acredito que essa doença não vá chegar à minha pessoa.”, torce Eduardo Guimarães, de 30 anos, vizinho de Célia Regina. Eduardo na calçada expõe para venda objetos variados que garimpa no lixo.
“Essa doença só pega fresco”, tenta disfarçar o nervosismo, Paulo dos Santos, de 28 anos. Ele que é morador de rua na Glória, bairro contínuo à Lapa. Mais sério, desabafa, “Quem tem emprego consegue ir pra clínica particular. O morador de rua que pegar isso vai morrer.”
Maior preocupação mesmo, nem é o tão falado, coronavírus. É a fome.
Entretanto, o maior temor de Paulo e de outras pessoas que vivem em situação de rua é a fome. “As quentinhas doadas por clientes de um restaurante”, podem agora não mais vir. Hoje, por exemplo, já “são oito horas da noite e estou almoçando. Não era assim.”
O fechamento dos comércios a partir desta terça-feira (24/03) bloqueia as quentinhas que vinham com alguma regularidade, doadas por clientes de restaurantes. Alguns comerciantes, também disponibilizavam chuveiros para banho.
ONGs e instituições religiosas constituídas por pessoas idosas, suspenderam distribuição de alimentos, até modificar logística das entregas. Idosos são os mais suscetíveis de morte no caso de infecção pelo vírus corona.
Defensoria Pública Estadual estima em 15 mil pessoas na situação de “moradores de rua”. Crivella, atual prefeito do Rio, negligenciou, e números atuais não possui.
Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, nome extenso e pomposo, para quase nada de intervenção de assistência aos 15 mil moradores de rua, estuda, a possível utilização do sambódromo para banhos. 04 mil kits de higiene, e 400 vagas em hotéis para idosas, gestantes e mães de crianças.
As possíveis 20 mil cestas básicas em estudo, serão para moradores informais. Não serão, necessariamente para moradores de rua. Além de raquíticos , os números em estudo, são por ora apenas isto, estudo.
Figuras como Vitzel governador do Rio de Janeiro, como Crivella, prefeito da cidade carioca, foram eleitos na onda pós golpe. Direitistas que não têm qualquer política voltada para população trabalhadora em geral, muito menos para trabalhadores informais, e menos ainda para moradores de rua.
“Fica dentro de casa, diz o governo. E nós, que moramos na rua, fazemos o que?”, questiona moradora de rua, Célia Regina. “A precaução que estou tomando é deitar no chão e continuar aqui”, ela mesma assim responde. Se depender da direita golpista. Moradores de rua, continuam ao “Deus dará”. Morrerão, ou do vírus corona, ou de fome.
Não basta só, Fora Bolsonaro.
Fora Vitzel. Fora Crivella. Fora todos os Golpistas.