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Por Mônica de Souza

Chadwick: a herança viva de Pinochet no governo de Piñera

A crise social detonada no Chile expõe diariamente, há mais de um mês, detalhes do obscurantismo de um modelo político e econômico que desde a década de 1970 segue espoliando a pop

A crise social detonada no Chile expõe diariamente, há mais de um mês, detalhes do obscurantismo de um modelo político e econômico que desde a década de 1970 segue espoliando a população e a classe trabalhadora. Berço do neoliberalismo e da ditadura de Pinochet, este país governado no segundo mandato do empresário, milionário, político representante da direita e extrema direita, Sebastián Piñera jamais escondeu suas intenções de seguir adiante com a doutrina reacionária, totalmente contrária ao progresso intelectual, material e humano da maioria da população, e que há décadas sobrevive sob as consequências do Estado mínimo. Diante disso, a frase do presidente não decepcionou seus iguais ao dizer, durante seu primeiro pronunciamento em rede nacional no dia 20 de outubro, o seguinte: “Estamos en guerra contra un enemigo poderoso, implacable, que no respeta a nada ni a nadie”. Neste momento inesquecível, que marcará para sempre a Primavera Chilena, estavam ao lado do mandatário o ministro da Defesa, Alberto Espina, quem tem apoiado a ofensiva criminosa das Forças Especiais dos Carabineros (FF.EE), Forças Armadas (F.A) e ao general do Exército a cargo dos operativos em Santiago, Javier Iturriaga. Esses três personagens junto ao ex-ministro de Interior e Segurança Pública, homem de confiança do presidente, Andrés Chadwick (da Unión Democrática Independente – UDI, partido político mais à direita que o Renovação Nacional – RN, de Piñera) e o general diretor de Carabineros, Mario Rozas todos responsáveis pelos piores atos de repressão desde época do ditador sanguinário e fascista, Augusto Pinochet. 

Não seria incorreto nem exagerado dizer que o Chile está vivendo uma nova ditadura cujas práticas são confirmadas ao vivo e em cores nas ruas de basicamente todas as capitais do país – sobretudo nas mais importantes: Santiago, Valparaiso, Concepción, Serena e Valdívia. Milhares de informações inundam as redes sociais noticiando o modus operandi do governo e seus militares em duros ataques contra os manifestantes e aqueles que representam algum tipo de ameaça a estas instituições que, segundo a interpretação de psicopatas militares, podem partir da linha de frente (jovens encapuzados que confrontam os ataques covardes e criminosos dos militares contra aqueles que protestam nas ruas), de diferentes grupos (estudantes, indígenas e servidores públicos, entre outros) e manifestantes escolhidos aleatoriamente como alvo da agressão. O saldo desta barbárie são milhares de vítimas, entre elas, até o momento, cerca de 24 mortos, mais 200 que sofreram mutilação ocular, 15 mil presos e aproximadamente 2700 hospitalizados, segundo informações oficiais do Instituto Nacional de Direitos Humanos – INDH, na qual os dados foram diversas vezes questionados pela Cruz Vermelha, contrária às estatísticas sobre os vitimados, especialmente os hospitalizados, que segundo eles superam os informados pelo Instituto. Divergências à parte, as denúncias do INDH e Cruz Vermelha são importantíssimas ao mostrar que os culpados por transformar os espaços públicos dos protestos pacíficos em campos de batalhas são os “pacos” (policia), os mesmos que julgam arbitrariamente os direitos sociais como algo ilegal, e que emprega a força autoritária e opressora para atacar violentamente os manifestantes. 

Desde o início da crise social, o nível de arbitrariedade e truculência das Forças Especiais de Carabineros – FF.EE infringem os protocolos para manutenção da ordem pública e dos direitos humanos. Diante das ações recorrentes de crueldade contra os manifestantes e cidadãos várias entidades imputam o FF.EE, também, por abusos sexuais e torturas. A raiz desse nível de opressão dos poderes, o Colégio Médico de Chile, o Departamento de Direitos Humanos e a Sociedade Chilena de Oftalmologia criaram uma comissão para investigar a acusação institucional contra o ex-ministro do Interior e Segurança Pública, Andrés Chadwick, por autorizar o FF.EE a cometer abusos contra os manifestantes em todo o país. Em meados de novembro, o partido de centro, Democracia Cristiana (DC), oficializou a acusação constitucional contra o ex-ministro por violar gravemente os direitos humanos durante o estado de exceção, deixando milhares de vítimas. 

O que mais se poderia esperar do ex-ministro senão autorizar a F FF.EE atacar violentamente os manifestantes? A trajetória política de Chadwick é de fazer inveja para a qualquer fascista latino-americano. Ele participou ativamente da ditadura de Pinochet, foi membro da comissão legislativa da Junta Militar do Governo e ocupou o cargo fiscal de Ministério de Planejamento Nacional. Ele foi ministro nos dois mandatos de Piñera – o primeiro, em 2011, como Secretário Geral do Governo, e nesse segundo, o qual o obrigou entregar o cargo por pressão da mobilização social. A punição que tarda, deveria ser imediata para políticos que cometem atrocidades como as de Piñera, Chadwich, Gonzalo Blumel (atual ministro do Interior e Segurança Pública), Alberto Espina (ministro da Defesa) e Mario Rozas (general diretor do Carabineros).     

Embora exista acusação institucional contra Chadwick, ele poderá se safar. No dia 20 de novembro, seu advogado, Luis Hermosilla disse à imprensa que “os argumentos da defesa serão protocolados por escrito na Câmara dos Deputados. Dos 155 deputados, a oposição necessita de 78 para aprovar o requerimento. Além disso, dentre os 4 integrantes encarregados de analisar a acusação constitucional, 2 pertencem ao partido de extrema-direita, Unión Democrática Independente (UDI); 1 da Renovación Nacional (RN), partido de Piñera; e 1 do Partido Socialista. Neste contexto, é previsível o resultado da análise. Não obstante, cabe lembrar que o mérito pela saída de Chadwick deve ser atribuído aos milhares de manifestantes que proferiram em alto tom: “fora, Chadwick!”, algo mais potente que pedir sua renúncia, pois não trata de dar opção, sim requer que saia. 

Entre as reiteradas tentativas da direita para confundir a população chilena está a tergiversação da esquerda, por um lado; por outro, as desculpas justificando os atos de violência física e verbal contra a população. Hermosina reproduziu fielmente o discurso de seu cliente, no qual assegura que suas ordens ao Exército e FF.EE, durante o estado de exceção, consistiam em “garantir a segurança e a manutenção da ordem pública, precaver a vigência do estado de direito, e todos seus atos se encontram impregnados dessa atitude…”. Para os chilenos a reputação do ex-ministro vai de mal a pior, mas o mesmo continua sendo o homem forte da direita e conselheiro de Piñera, além do fato de serem parentes (primos). Mesmo afastado da Moneda, o ex-ministro e atual presidente se reúnem fora do Palácio para analisar a crise social do país.

Enquanto os manifestantes protestam exigindo seus direitos, a esquerda ainda não sabe bem o que fazer diante da revolução popular que resiste nas ruas há 5 semanas lutando contra todos projetos fajutos da direita. E a direita reacionária? Essa não dorme está em guerra, como declarou Piñera.

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