O governo Bolsonaro é um grande problema para a direita brasileira.
Por um lado, Bolsonaro é o único político da direita que possui alguma base social, o que fez com que conseguisse alcançar a presidência da república em meio à crise e, principalmente, graças à fraude eleitoral que teve como ponto central o impedimento ilegal de o ex-presidente Lula fosse candidato.
Por outro, sua base social é fascista, composta por policiais, elementos do judiciário, evangélicos direitistas como a folclórica Damaris, seguidores do Olavo de Carvalho e até mesmo monarquistas! Sendo um grupo composto basicamente por elementos lunáticos e histéricos, esse setor envolve o governo Bolsonaro em permanentes crises.
Destaquemos o caso dos monarquistas. Em uma extensa matéria, no sítio da BBC, órgão de imprensa do imperialismo britânico, apresentou algumas das lideranças do chamado movimento monarquista. Embora seja muito difícil apontar qual dos setores da base de apoio de Bolsonaro seja o mais desequilibrado, o fato é que os monarquistas certamente estão na disputa por esse troféu inglório.
Dentre os expoentes do atual movimento monarquista figuram o líder Bertrand de Orleans e Bragança, segundo na “linha sucessória” do trono imperial brasileiro (no caso de que o império fosse reestabelecido e os sucessores de Pedro II fossem coroados), a deputada federal Carla Zambelli, do PSL de São Paulo, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, também do PSL de de São Paulo. Junto com os deputados Paulo Martins (PSC-PR), delegado Waldir (PSL-GO), e Enrico Misasi (PV-SP), este grupo de parlamentares forma a auto intitulada bancada monarquista do congresso nacional.
As inspirações ideológicas desse grupo estão ancoradas em um movimento católico de extrema direita que já existiu no Brasil, a TFP, Tradição, Família e Propriedade. Dentre muitos aspectos direitistas, este grupo apresenta como pautas centrais “a oposição ao casamento gay, o fim das demarcações de terras indígenas e a proibição do aborto em qualquer circunstância”. Enfim, um programa claro de extrema direita. Além disso, o grupo defende inclusive uma leitura do catolicismo ainda mais conservadora do que a do Vaticano.
Esse movimento monarquista surfou na onda conservadora que se desenvolveu durante o golpe de Estado. Alguns setores muito minoritários apareceram nos atos coxinhas segurando cartazes em defesa da monarquia. Inclusive, os monarquistas possuem relações com a dita ala ‘ideológica’ do governo, os olavetes. Os ministros indicados pelo “filósofo” Olavo de Carvalho, Ricardo Vélez e Filipe Martins, estão entre os simpatizantes do monarquismo. É notório também que este reduzido grupo e sem apoio social real, recebe o apoio da imprensa golpista que o divulga e procura conferir alguma seriedade às idéias reacionárias desse setor que gostaria de fazer a “roda do tempo” rodar em sentido oposto e fazer voltar não só a monarquia, como a escravidão, o regime no qual não havia os mais elementares direitos para as mulheres etc.
A divulgação da atividade dos monarquistas, visa também dar aparência de “normalidade”ao regime monstrengo que o golpe de Estado impôs ao País e que o governo militar de Bolsonaro e Cia. aprofundam com suas aberrações, políticas, culturais, econômicas etc. contra a vontade da imensa maioria do povo brasileiro.
Denunciar tais setores obscurantistas historicamente caducos é parte da luta de conjunto contra o regime de retrocesso imposto pelo golpe de Estado e que precisa ser derrotado pela mobilização popular. Diante deles, não podemos repetir os erros da esquerda-pequeno burguesa, que se deixa levar pelo fato evidente de que esses direitistas são pessoas muito desequilibradas e, por isso, acabam menosprezando o perigo que eles representam, como parte da base de apoio do atual regime golpista. Não podemos confundir. Mesmo sendo loucos, isso não significa que sejam inofensivos, pelo contrário. São loucos muito perigosos, que devem ser denunciados e derrotados como parte da luta para colocar abaixo o governo Bolsonaro e todo o regime golpista.