Está em curso no Banco do Brasil uma política de “saneamento” que não deixa nada a dever à política implementada no famigerado governo neoliberal de FHC (PSDB) na década de 1990, quando privatizou quase todas as empresa estatais, aumentou exponencialmente o número de desempregados e de miseráveis naquele período.
Depois de promover , logo após o golpe de Estado, entre 2016 e 2019, o fechamento de 1.390 agências, a demissão de 7.432 funcionários e, em consequência, a realocação compulsória de funcionários, descomissionar funcionários em massa, manter os salários congelados nesse período (claro que não se pode dizer que, 1% de reajuste salarial, sendo que a inflação de 2020 atingiu quase 5%, seja efetivamente um reajuste), o governo ilegítimo de Bolsonaro dá mais um passo na política de privatização do BB ao impor um “novo ajuste” , que pretende jogar no olho da rua mais 5 mil bancários, o fechamento 870 postos de atendimento, rebaixamento salarial, fim do modelo de remuneração dos caixas executivos, mais descomissionamentos e transferências compulsórias.
Tentando justifica o injustificável para promover a polícia de “ajustes” de Paulo Guedes, a direção do banco alega a queda nas receitas e custos elevados de crédito na esteira da pandemia do Coronavírus irão pressionar os resultados, isso quando o lucro acumulado até setembro de 2020 foi da ordem de quase R$ 8 bilhões. Ou seja, não passa de pretexto para diminuir ainda mais os custos do banco visando a sua privatização.
Não apenas está em curso uma fraude sob o suposto risco financeiro, como o BB é um verdadeiro “balcão de negócios” em favor de outros bancos, como é o caso das várias denúncias de falcatruas realizadas pela administração de André Brandão – atual presidente do BB e ex presidente do HSBC – e o ministro Paulo Guedes, envolvidos no esquema da compra de créditos do BB por R$ 300 milhões, quando a carteira valia R$ 3 bilhões ou 10 vezes mais.
Obviamente isso não está em discussão, nada é feito no sentido de responsabilizar os autores das falcatruas, e os trabalhadores que paguem a conta.
A relativa tranquilidade com que o governo golpista ataca os trabalhadores bancários só está sendo possível pela total conivência das direções sindicais. Nesse período, do fim de 2016 até os dias de hoje, foram gastos recursos da categoria, esgotam-se os ânimos dos trabalhadores que se deslocam para os Congressos, Plenárias, etc., na expectativa de algum plano de luta contra a ofensiva reacionária dos banqueiros para não se decidir verdadeiramente nada, a não ser pelo teatro de sempre: as eternas e tortuosas buscas pelas tais “negociações sérias”, “negociações já” ( que normalmente não resultam em nada, não vão além das migalhas que caem da mesa dos patrões), os lobbies no Congresso Nacional ( um verdadeira cemitério onde as conquistas e reivindicações dos trabalhadores estão sendo sistematicamente enterradas), ou mesmo recorrer ao Ministério Público, a mesma instituição que esteve umbilicalmente envolvida no processo de golpe de Estado no país.
Agora o que realmente interessa para os trabalhadores, que são os seus métodos de luta tradicionais esses são relegados ao septuagésimo nono lugar.
É verdadeiramente incrível: os que julgam ser um “sonho” mobilizar a categoria e construir um movimento grevista unitário, não julgam porém um sonho (e este sim é um sonho reacionário) acreditar que os banqueiros e o governo do presidente fascista são incorrigíveis amadores e ingênuos o suficiente para necessitarem dos conselhos das Executivas das organizações dos trabalhadores, para assim se convencerem de que devem parar de atacar, demitir e “refletirem” sobre o “papel social dos banco”, aceitando a redução dos seus lucros e promoverem o desenvolvimento e o bem-estar geral de todos.
Para a categoria bancária a luta em defesa dos bancos públicos, das estatais, passa antes de tudo pela luta contra as demissões e a privatização. Nesse momento, a única forma de barrar a ofensiva reacionária dos banqueiros e seus governos, e arrancar as suas reivindicações mais sentidas, é unificar os trabalhadores bancários, conjuntamente com os demais trabalhadores das empresas estatais, e preparar um forte movimento grevista unitário de toda a categoria, na perspectiva de unir forças com as demais categorias de trabalhadores que também serão atingidos pela reestruturação (vigilantes, setor de serviços: pessoal da limpeza, copa, terceirizados na área de logística, etc.).
É preciso organizar um forte movimento nacional de oposição a toda essa política de derrotas que vem se aprofundando no interior dos sindicatos. Que setores de luta da CUT (Central Única dos Trabalhadores) a maior central sindical da América Latina, rompam com a política de colaboração de classes e passem a atuar e intervir na construção de um amplo movimento para derrotar a política de terra arrasada para os trabalhadores em benefício de meia dúzia de banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais que vivem às custas da miséria de toda a classe trabalhadora e da população em geral.