Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Bomba relógio

Miseráveis, 8 de 10 famílias na favela vivem de doações

Dados do estudo mostram o nível de degradação das condições de vida da população, resultantes da política genocida dos golpistas em relação a crise econômica e à pandemia

Estudo “A Favela e a Fome”, feito pelo Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (CUFA), revela que 82% das famílias de 76 favelas não conseguiram se alimentar diariamente sem ajuda de doações. A pesquisa ainda traz outros dados gravíssimos, como a média de 1,9 refeições por dia e a falta de dinheiro guardado de 93% dos moradores. Trata-se de uma pequena e significativa amostra de quão explosiva é a situação atual do País, que vê a crise econômica e a pandemia cada vez mais agravadas pela política genocida dos golpistas.

Segundo o estudo, que ouviu 2.087 pessoas em fevereiro deste ano, 82% das famílias disseram não conseguirem se alimentar diariamente sem a ajuda de doações. Os moradores fazem hoje em média 1,9 refeições por dia! Ou seja, a degradação total das condições de vida dos trabalhadores fez com que, nas favelas, ter 2 refeições diárias já não se trate mais de um direito.

Mas não para por aí, ainda segundo a pesquisa, 90% disse ter recebido ajuda alimentar em algum momento da pandemia, 71% tiveram perda de renda, hoje recebendo apenas metade do que ganhava antes da pandemia. Destes, 93% não tem dinheiro guardado.

Ano passado, o auxílio emergencial de R$600, que já era insuficiente, foi recebido por 58% destes moradores. Logo, ainda que não servisse para resolver nada, ajudou a empurrar o problema para frente e evitar uma explosão social naquele momento. Mas e agora?

Uma bomba relógio

Em entrevista à Rádio BandNews FM no último dia 26, Preto Zezé, presidente da CUFA, contou que em 2020 as ações emergenciais da entidade, que começaram em março, mobilizaram mais de 5 mil favelas em todo o País, incluindo lideranças, artistas e empresas. O resultado foi uma arrecadação – somando alimentos, gás de cozinhas, materiais de higiene, proteção e limpeza – de cerca de 180 milhões reais, que alcançaram quase 6 milhões de pessoas.

Ele explica que em 2021 a expectativa era aumentar a abrangência destas ações, no entanto, com a crise econômica e a pandemia ainda piores o efeito contrário ocorreu:

“Infelizmente o buraco era mais fundo… Já tinha um agravante, que na época era o desemprego – lá em março mais de 50% dos moradores das favelas estavam na informalidade. As condições de saúde são mais difíceis do que antes, o auxílio emergencial, que segurou um barra no ano passado, este ano está sendo reduzido… e apesar de ser ‘emergencial’ ainda está no debate político, não está no bolso das pessoas, não está na mesa das pessoas, não está pagando contas. E você tem agora o advento da fome, que bateu pesado nos lares brasileiros.” 

Na entrevista, ele forneceu outros dados, também do estudo, como o fato de 67% das pessoas precisarem cortar despesas básicas e que somente 8% conseguiu manter o padrão de consumo do ano passado. Atualmente 70% dos moradores afirmaram que pioraram as condições alimentares, em agosto do ano passado eram 25%, o que mostra que a situação está piorando exponencialmente. Isto é corroborado pelo fato de que 68% dos moradores afirmam que nos últimos 15  dias (considerar que a pesquisa foi feita em fevereiro) tiveram muita dificuldade de se alimentar, tendo falta de pelo menos uma refeição (de 3) ao dia, devido a falta de dinheiro para comprar comida!

Agora, se a média diária de refeição é de 1,9, como essas pessoas sobreviveram até aqui? Zezé explica que 9 em cada 10 pessoas sobreviveu de doações:

“De cada 10 moradores de favela, 9 estavam vivendo de doações várias, de alimento, cesta básica, doações de dinheiro… Já era tenso naquele momento com aquelas condições. Agora, com a questão econômica, a questão alimentar e a de saúde, é uma bomba relógio!”

Pandemia

Por fim, ele explicou que 65% das pessoas não tem cobertura de saneamento básico no Brasil e que nas favelas, mais de 40% não tem acesso regular a água e sabão! O que mostra que não só o isolamento social é impossível nas favelas e que estas medidas não se dirigem ao povo. Para o presidente da entidade, são questões seríssimas que não estão na pauta do mundo político e econômico:

“Se a gente não se ater em quanto é inflamável a situação da desigualdade, eu temo que se a gente não compartilha, de novo, as oportunidades e riquezas do país, a gente vai ter que compartilhar todos juntos grandes tragédias.”

Os dados do estudo mostram o nível de degradação das condições de vida da população, resultantes da política genocida dos golpistas em relação a crise econômica e à pandemia. A caridade não mais que um paliativo transitório e sem maios alcance, não tem como resolver um problema social desta envergadura, que é fruto da política dos capitalistas e dos seus governos de deixar a população pobre entregue à própria sorte.

O problema só pode ser resolvido do repasse direto de recursos do poder público (dos impostos pagos pelos trabalhadores) para a população, como um auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo, por um lado, bem como o investimento no sistema público de saúde por outro, disponibilizando tratamento e vacina para todos.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.