Por causa da extrema direita no poder, em plena crise social, sanitária e econômica, a luta pela terra se radicaliza. As grandes empresas e os latifundiários, com apoio das instituições do estado, se voltam para dizimar a população sem terra. Na noite de domingo (21), a Vale mandou seguranças agredirem mulheres, crianças e idosos do Acampamento Lagoa Nova Carajás, em Parauapebas (PA).
O acampamento conta com 248 famílias, eles tentavam fazer uma ligação de energia elétrica durante o dia. É importante assinalar que o estado não proporciona seus direitos básicos, enquanto doa trilhões para as grandes empresas e os bancos. A área da Fazenda Lagoa é disputada a cinco anos com os sem terra que não desistem da sua sobrevivência, mesmo que no judiciário, setor mais conservador da política, a Vale seja favorecida.
Assim que o sol se pôs, os seguranças da multinacional espanhola Prosegur deixaram suas caminhonetes na sede da empresa, e atacaram as famílias. Era um grupo de mais ou menos 80 mercenários, capazes de realizar um verdadeiro show de horrores. Sem nenhuma identificação nas fardas, atiraram com balas de borracha nos agricultores. Debilitados, eles eram chutados e agredidos com o cano dos armas, um deles por exemplo sobre os xingamentos de “vagabundos”, “bandidos” e “ratos”, foi atingido dezesseis vezes nas costas, nuca e cabeça. As crianças perdidas buscavam algum lugar seguro, assim como os atordoados pelas balas. Aqueles que conseguiam fugir eram perseguidos pelos drones da empresa.
A polícia militar, verdadeiros fascistas que servem aos interesses da burguesia, foram acionados por um agricultor mais distante do ataque. Nenhum mercenário foi preso, e como é de se esperar foram muito bem recebidos na delagacia com uma equipe de advogados. A Vale ainda justificou sua ação, e acusou os trabalhadores que não tinham nem machado, e nem facão Tramontina de terem atirado com armas para cima de seus seguranças. Ao menos vinte pessoas ficaram feridas, e nenhuma delas trabalhava para a Vale, mesmo assim, a empresa os acusa pedindo para que sejam expulsos da região.
Além de buscar a energia elétrica, os posseiros também se manifestaram contra a espionagem da empresa de segurança, que envia seus drones para fotografar e filmar as famílias. Vivian, coordenadora estadual da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar no Pará (Fetraf-PA), declara que tentará processar a empresa por danos morais, e que nas tentativas de diálogo com a PM e os seguranças, eles eram fotografados e intimidados.
A luta dos sem terra, dos indígenas, dos quilombolas e de todos os trabalhadores do campo precisa ser organizada e combativa. Não existe nenhuma reforma parlamentar para barrar os ataques da direita fascista. É necessária uma grande mobilização da esquerda, unificada com os setores urbanos, para derrubar a extrema direita do poder por vias populares, e combater o genocídio da população pobre do País para socorrer os grandes capitalistas.