A Ditadura Militar de 1964 foi duramente repressiva contra os indígenas brasileiros. Embora a burguesia sempre namore os militares, apresentando generais como sensatos, honestos, legalistas etc, o fato é que o alto escalão das Forças Armadas é composto – hoje e sempre – por uma classe de mercenários dispostos a se vender para os setores que melhor atendam seus interesses. E quando isso acontece, agem sem o menor escrúpulo ou respeito à vida humana.
Durante a construção da Hidrelétrica de Itaipu, na década de 1970, o regime militar brasileiro não teve qualquer respeito com as populações indígenas que viviam no entorno. Apenas entre as regiões de Foz do Iguaçu a Santa Helena, e Guaíra a Terra Roxa, no Oeste do Paraná, viviam ao menos 24 comunidades indígenas. O que o governo fez foi tornar os índios “invisíveis” para fins de reassentamento. A maioria foi cadastrada como “posseiro”, ou seja, camponeses que não pertenciam àquela terra. Apenas 27 pessoas foram efetivamente cadastradas como indígenas.
Trata-se de um grande crime e descaso cometido às comunidades originárias, e a preferência sempre dada ao “agronegócio” e às companhias colonizadoras que avançavam sobre a região. Os indígenas, ao contrário destas, por depender muito da terra, acabam trabalhando para a recuperação da floresta nas áreas assentadas, e estimulando a produção agrícola familiar, com menos pesticidas e voltada para o mercado interno.
Bolsonaro tem tomado atitudes persistentes contra as demarcações indígenas, e contra o trabalhador pobre do campo em geral. A política de ocupar os cargos públicos com militares mostra mais uma tendência nesta direção. A mídia capitalista procura colocar panos quentes, retratando o Ministério Público e a Procuradora-Geral Rachel Dodge (ambos absolutamente comprometidos com interesses imperialistas), como estando preocupados com este triste destino dos indígenas. Mas a população não pode se enganar. Tratam-se de setores capitalistas interessados apenas em enfraquecer o Governo Bolsonaro para tomar seu lugar, usando a causa indígena para fazer sua demagogia.
Os povos rurais não podem se alinhar ou depositar esperanças em instituições golpistas, como o Ministério Público, para solucionar seus problemas. É preciso organizar a própria defesa e luta, junto com outros setores populares, contribuindo para enfraquecer a burguesia de conjunto!