O golpe de Estado no Brasil trouxe à luz do dia a “profunda competência” dos militares brasileiros, que vai muito além dos conhecimentos técnicos exigidos pelo ofício militar.
Coincidência ou não, a escola de formação desses oficiais foi a repressão exercida pelo tropas de ocupação brasileira no paupérrimo Haiti, sob a tutela dos Estados Unidos. Como sabemos, os “guardiões do mundo”.
Chamou a atenção a nomeação do general Fernando Azevedo e Silva, indicado pelo comandante das Forças Armadas, general Villas Boas, como “assessor” do recém empossado presidente do Superior Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli.
Até onde se saiba, o mais alto feito de Azevedo e Silva foi o de chefiar o Estado-Maior do Exército, além de ter participado da missão de “paz” no Haiti. Qual a relação que existe entre sua vida militar ativa e a competência para assessorar o que deveria ser a corte guardiã da Constituição é uma incógnita, salvo e esse é o fato, o papel do militar seja o de tutelar as decisões do STF, particularmente no que diz respeito à garantia da permanência de Lula na cadeia.
Pois esse cidadão, depois de prestar relevantes serviços para o golpe com a sua baioneta apontada para as ancas gordas dos ministros, foi indicado como futuro ministro da defesa do governo eleito pela fraude, Jair Bolsonaro.
Fato semelhante ocorreu com a nomeação do general Carlos Alberto dos Santos Cruz como ministro da Secretaria de Governo, responsável, entre outras coisas, pela articulação do governo com o Congresso Nacional. Esse general, assim como o outro, também esteve no Haiti, só que comandando as “dóceis” tropas brasileiras contra o povo miserável daquele país.
Depois de tanto estudo e comando em um dos países mais pobre do mundo, após ir para a reserva, o general passou a assessorar o também general, Sérgio Etchegoyen, no Gabinete de Segurança Institucional. Agora, devidamente credenciado, vai conversar, como um “verdadeiro democrata” com o Congresso Nacional, esse ninho de cobras cheio de apetites e ambições.
A “plêiade” de militares em postos-chave do Executivo é completada com o general Augusto Heleno, nomeado para o Gabinete de Segurança Institucional, esse, também, do grupo do Haiti, e o vice-presidente Hamilton Mourão, uma espécie de ideólogo, tosco, mas ideólogo, do grupo, o único que não esteve no Haiti e sim em Angola.
Guardada uma certa ironia diante de seres tão iluminados, o que se tem presente é o avanço dos militares sobre os poderes da República, nada mais do que o que foi preconizado pelo ideólogo Mourão: o “método das aproximações sucessivas”.
Nessa altura do campeonato não é difícil imaginar “a carteira” de dossiês que está sendo montada no palácio do Planalto, para a conversa amistosa com os “representantes” do povo brasileiro.
No governo Temer, os militares se entranharam no Executivo e no Judiciário. No governo do subalterno capitão fascista,os tentáculos da caserna vão se ramificar para a “casa do povo”, devidamente preparada pelo golpe e pela fraude com um enorme contingente de militares e políticos da extrema-direita, prontos para fazer ressoar os ditames da “lei e da ordem”.