Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Governo dos banqueiros

Milhões não conseguem receber a esmola do governo e nem poderão sacar

O grau de dificuldades para que pessoas de baixa renda tenham acesso ao abono é uma política consciente do governo para diminuir, em muito, o número de beneficiários

O governo anunciou ontem (dia 7) o início do pagamento do abono de R$ 600 ainda nesta semana, mas, como é típico de um governo de extrema-direita, não deixou de ter uma grande dose de maldade. Em um primeiro momento, apenas a população de baixa renda que já tem conta bancária é que poderá sacar ou realizar pagamentos com o auxílio esmola. Os que não se enquadram nessa condição, os sem conta bancária, setores ainda mais necessitados, terão que aguardar um cronograma de saques a ser estabelecido apenas na próxima semana.

Com o sarcasmo peculiar de todo direitista, Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, declarou que “as pessoas vão receber o dinheiro na conta e vão poder fazer a movimentação. Se quiser sacar, vai ter um cronograma. Se liberarmos 50 milhões [de pessoas] para sacar ao mesmo tempo, é um colapso do sistema financeiro”.

Quer dizer, o colapso não está nas pessoas que estão morrendo de fome, mas no sistema financeiro que já abocanhou quase R$ 2 trilhões em recursos públicos, entre empréstimos concedidos pelo Banco Central e repasses do governo para garantir a liquidez do sistema financeiro.

O grau de dificuldades para que pessoas de baixa renda tenham acesso ao abono é uma política consciente do governo para diminuir, em muito, o número de beneficiários. Conforme destacou o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, a estimativa do governo é atender com o benefício entre 15 e 25 milhões de trabalhadores. Isso corresponde a 15% ou 25% dos cerca de 100 milhões de brasileiros que estão inscritos no Cadastro Único  e no CNPJ, incluindo aí micro e pequenos empresários. Essa estimativa deve ser ainda maior, pois existem milhões de brasileiros que estão à margem de qualquer cadastro de programas sociais oficiais.

É claro que a política social do governo não é coisa séria. Se não bastasse o irrisório valor do abono, na melhor das hipóteses apenas 25% da população em situação de pobreza no País terá acesso ao programa. Em todo caso, o governo trabalha ferrenhamente para que essa população se aproxime do mínimo possível. Primeiro, existe a dificuldade de se fazer o próprio cadastramento. Até o momento, cerca de 22 milhões de pessoas teriam se cadastrado, de acordo com dados da CEF. Isso não significa que já sejam beneficiários, mas que passarão pela “peneira” do governo. Em segundo lugar, a pessoa tem o direito, mas sabe-se lá quando vai ter acesso, pois não tem conta corrente. Um exemplo, são os quase 40% desses 22 milhões de pessoas que se cadastraram, que “optaram” por abrir conta digital, os sem conta bancária.

Há ainda, um contingente de centenas de milhares, provavelmente milhões de trabalhadores, que até o período anterior à pandemia, não estavam nos programas sociais porque suas rendas eram superiores ao valor máximo para integrar um programa como o Cadastro Único, que qualifica pessoas de baixa renda que recebem até meio salário mínimo ou que a renda familiar não ultrapassa três salários mínimos. Um motorista de táxi ou de Uber, por exemplo, que apurava em torno de R$ 3 mil por mês, mas que agora está praticamente sem trabalho não pode ser beneficiário do programa. Essa é a lógica macabra do governo.

Finalmente, apenas em uma transação com o sistema financeiro, o governo entregou R$ 1,2 trilhão. Se esse valor fosse dividido pelos cerca de 100 milhões que vivem em situação de pobreza no Brasil, cada indivíduo teria direito a R$ 4 mil por três meses. Como se vê, todo a questão do coronavíruos é no final das contas um problema de classe. R$ 1,2 trilhão que beneficiou um pequeno grupo de banqueiros e especuladores daria uma boa contribuição para que 100 milhões de brasileiro enfrentassem a pandemia em condições muito mais favoráveis.

É por isso que não é possível combater a crise do coronavírus por meio de uma grande “união nacional” com apregoa a burguesia e boa parte da esquerda. Existem os interesses dos banqueiros, dos empresários, e os interesses da esmagadora maioria da população, que são antagônicos e por isso excludentes.

A única saída efetiva para que a classe operária e a maioria dos explorados do País diante do coronavírus e da crise econômica que a burguesia quer despejar sobre as costas dos trabalhadores é a luta para por fim com o governo Bolsonaro e todo o regime golpista que o sustenta.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.