Entre os que mais precisam de auxílio por parte do poder público estão milhões de brasileiros que não possuem documentos básicos de identificação, ou seja, sequer foram registrados ao nascerem. São pessoas que, na prática, não existem para o Estado.
A crise sanitária que atingiu em cheio o Brasil (hoje o país está entre os que possuem maior número de infectados), acentuou ainda mais a situação de pobreza e miséria em que vivem a maior parte dos cidadãos. Segundo os últimos dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2015, três milhões de pessoas não possuem registros de identificação. Isto é, sem certidão de nascimento, sem registro de identificação, sem CPF, foram excluídas de poderem frequentar a escola, não podem utilizar o Sistema Único de Saúde (SUS) ou qualquer programa social do governo e, nesse momento, não podem também requisitar o auxílio esmola liberado no início da pandemia.
Na prática não são considerados cidadãos pelo governo, estão a margem da sociedade.
Essa situação vem se somar aos outros brasileiros que mesmo identificados também não conseguem acesso aos serviços públicos. Cerca de 46 milhões de brasileiros que se inscreveram no auxílio emergencial tiveram seu cadastro negado. Entre as explicações estão CPF com erro, cidadãos que constam como mortos nos sistemas, entre outros.
Há também a parcela de pessoas que não possuem conta bancária, que residem em áreas não reconhecidas ou abandonadas pelo poder público, como as milhares de favelas espalhadas por todo o Brasil. Em outras palavras, milhões de brasileiros, em especial aqueles mais pobres, estão jogados a própria sorte nesse período de enorme crise social e sanitária.
Vergonhosamente, no mesmo momento em que o governo nega a milhões de brasileiros trabalhadores o auxílio para sobreviver distribui para milhares de militares na ativa, anistiados, pensionistas, etc. Também auxilia grandes empresas, mas o que é pior ainda, distribui trilhões de reais aos banqueiros.
O governo Bolsonaro faz menos que nada para o povo. Na realidade, Bolsonaro é a personificação da sabotagem organizada contra o povo brasileiro. É notório que não existe nenhum plano de emergência em prática para criação de mais leitos hospitalares, para a obtenção de mais equipamentos de segurança, compra de testes em massa para todos os cidadãos, nada.
Nesse sentido, as inócuas ações do governo não servem nem mesmo para minimizar a catástrofe que a pandemia já está ocasionando no Brasil. O vergonhoso auxílio nada mais é do que uma migalha, uma verdadeira humilhação do povo explorado. Diante de todo esse quadro é preciso que as organizações do povo, os partidos de esquerda, os sindicatos, os movimentos de luta dos exploradores ajam. Será necessário um programa de reivindicações que leve da situação atual dos trabalhadores a única solução real da crise que é poder da classe operária, derrotando integramente a burguesia.
Nunca como antes, a população trabalhadora precisa da ação das suas organizações.