Um levantamento feito pela entidade sindical patronal que representa as universidades privadas, a Semesp, mostra que 265 mil alunos do ensino superior nas universidades privadas abandonaram a graduação ou trancaram a matrícula entre os meses de abril e maio deste ano.
A evasão foi 35% maior do que a registrada no mesmo período de 2019. Estima-se que 11% dos estudantes vão terminar o ano inadimplentes, com pelo menos uma parcela atrasada.
O abandono dos cursos de graduação pela juventude é reflexo da catástrofe social que se abate sobre o país. A situação já era extremamente difícil antes da pandemia do Covid-19, em especial desde o golpe de Estado de 2016. A doença representa uma aceleração da crise econômica e aprofundamento do desemprego, o que inviabilizam que as pessoas deem continuidade aos seus estudos.
O bloco político da extrema-direita golpista que controla o Estado tem se dedicado a salvar os bancos e grandes capitalistas neste contexto da pandemia, enquanto a população se afunda na miséria e experimenta agudo rebaixamento das condições de vida e falta de perspectivas de presente e futuro. A situação do conjunto dos estudantes é análoga à situação dos países que têm muito menos recursos que o Brasil.
A decisão de abandonar a graduação está estreitamente relacionada com o desemprego. Com a paralisação e o declínio econômicos, que se manifestam em uma retração de cerca de 10% do PIB, o pagamento de parcelas de um curso superior torna-se inviável para a esmagadora maioria da população.
Segundo dados do Censo da Educação Superior do ano de 2018, as universidades privadas detém 75,4% das matrículas na graduação do país, no total de 6,3 milhões.
Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) mostrou que o motivo do abandono da graduação por 82% dos estudantes no mês de junho se deve à perda da renda.
A própria SEMESP aponta que as leis propostas e aprovadas pelo governo Jair Bolsonaro, que permitem a redução de salários e facilitam as demissões, são as responsáveis pela evasão e queda nas matrículas. A procura por cursos de graduação se reduziu drasticamente.
O governo Jair Bolsonaro é um fator de aprofundamento da crise. Como este se recusa a tomar medidas para combater a pandemia do coronavírus e propõe somente uma migalha de R$600,00 para a população, a situação dos estudantes e trabalhadores piora a cada dia. Em diversas ocasiões, elementos bolsonaristas deixaram claro que estudo deve ser um privilégio para quem puder pagar. Isto é, o povo brasileiro não deve ter direito a estudar, nem mesmo nas universidades privadas.