O deputado Cleitinho (Cidadania) publicou vídeo denunciando estoques de medicamentos vencidos do governo de Minas Gerais, estimados em R$16 milhões. Na ocasião, o deputado entrou no almoxarifado central da Secretaria de Saúde e mostrou amplos lotes de materiais de saúde parados.
Cleitinho, que apoiou Bolsonaro e forma a base do governo de Romeu Zema (Novo), dá exemplo de como são as “denúncias” oportunistas dos representantes da burguesia. Ao invés de uma apuração séria, o deputado improvisa um vídeo sensacionalista para as redes sociais, onde confunde estoque de medicamento, medicamento parado e medicamento vencido, com o intuito de gerar revolta e fazer demagogia ao eleitorado.
A intenção do vídeo fica bem explícita para quem assiste: mostrar-se um defensor da população e atacar a gestão anterior, do governador Fernando Pimentel, do PT, “partido que se diz defensor dos pobres”, nas palavras do deputado. Cleitinho apenas não explica por que sua ênfase é no Partido dos Trabalhadores, já que há o estoque supostamente “parado” continua lá, durante a atual gestão, de um governador bolsonarista.
O problema é que o vídeo não passa de um factoide. Cleitinho mostra as estantes de medicamentos encaixotados que foram repassados pela União em 2016 como se estivessem parados e vencidos, embora estejam apenas estocados. Apenas um punhado de medicamentos estão realmente vencidos. Além disso, o deputado também mostra macas, camas, equipamentos de raio-x, material gráfico e até vassouras “paradas”.
O que se tem ali é, na verdade, um estoque, e a função do estoque é justamente armazenar bens. Muitos municípios dependem do almoxarifado estadual por não terem estrutura local de armazenagem adequada. Problemático seria se os estoques estivessem vazios. Além do mais, se há um equipamento estocado enquanto falta em determinado município, é preciso saber se o município está solicitando o equipamento. Por fim, mesmo na ocasião de medicamentos vencidos, não se deve esquecer que a falha pode estar na prefeitura, que tinha direito ao repasse mas não veio fazer a coleta. São tipos de detalhes que escapam a um bolsonarista que não consegue ir além de difamar um oponente de esquerda.
É verdade que a burocracia provoca desperdícios imensos em todas as áreas, inclusive na saúde. Isso não é um privilégio desta ou daquela gestão, mas um sintoma do próprio capitalismo, onde interessa à classe dominante produzir e vender ao Estado, e não exatamente entregar o serviço à população. Manter o serviço de saúde precário deixa os mais pobres dependentes de campanhas filantrópicas e empurra a classe média aos serviços privados.