Fica clara a intenção do governo golpista em realizar o desmonte e a privatização da Petrobras
“A inauguração de mais uma Usina de Biodiesel da Petrobrás é a realização de um sonho que foi composto em três atos: (1) A criação de uma usina igual a essa em Candeias-BA, (2) A criação de uma usina igual a essa em Quixadá-CE, (3) Inauguração desta usina em Montes Claros-MG!”, dizia o ex-presidente Lula há exatos 10 anos, em 2009. No mesmo discurso, o então presidente falava da dimensão ambiental, por se tratar de combustível menos poluente do que o carvão e do que outros biocombustíveis.
Lula ressaltava ainda sobre a lógica social, em razão da contratação de fornecedores da agricultura familiar em razão das oleaginosas cultivadas pelos trabalhadores do campo da região. Não por acaso, a usina inaugurada naquele momento foi batizada como Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, reconhecido antropólogo que militou a favor da educação e dos povos indígenas – tão duramente atacados pelo atual governo bolsonarista.
Em 2016, durante o governo golpista de Temer, a usina de Quixadá-CE foi desativada para ser privatizada, gerando centenas de demissões. Dessa vez, a unidade atingida é a de Montes Claros, norte do estado de Minas Gerais. Essa intenção ameaça centenas de trabalhadores da usina que poderão perder o emprego, além de mais de 9 mil famílias que participam da cadeia de produção por meio da agricultura familiar.
Com o avanço da privatização das refinarias, a situação fica mais ainda agravada uma vez que há a cobrança de preços abusivos que refletem diretamente para o povo brasileiro, que terá mais dificuldades para a compra do gás de cozinha e dos combustíveis, por exemplo. O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro não sinalizou até o momento nenhum movimento para o controle desses preços no Brasil. Sendo privatizadas, esse controle ficaria ainda mais difícil de administrar estando nas mãos do capital financeiro internacional.
Ainda segundo a lógica ambiental, já levantada por Lula em 2009, o investimento em biocombustível leva à diminuição de gases dos efeitos estufa. Nesse mesmo dia da inauguração, o ex-presidente, também trouxe à tona a questão do aproveitamento do óleo de cozinha para uso nas usinas, que são captadas pelos trabalhadores do semi-árido. As plantações de todos os tipos de oleaginosas, tal como a óleo de mamona, seria considerado um importante insumo orgânico com baixo impacto ao meio ambiente em comparação aos combustíveis fósseis. Toda essa lógica está em risco e seria fortemente afetada com a ameaça do fechamento ou mesmo a venda dessa usina para a exploração do capital imperialista.
No tocante aos impactos sociais, a unidade de Montes Claros-MG pode vir a sofrer o mesmo que a unidade de Quixadá-CE, que teve suas portas fechadas, gerando um grande número de desemprego e aumento da vulnerabilidade de toda a região. Após o golpe de 2016, a cidade mineira já sofre com o elevado índice de violência e queda no ranking de melhor lugar para se morar no estado de Minas Gerais – em dados analisados por pesquisadores da UNIMONTES (Universidade Estadual de Montes Claros).
A usina que hoje movimenta o comércio e gera renda para a cidade, está ameaçada pelo governo golpista de Bolsonaro. Segundo William Vella Nozaki, diretor do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), “a região de Montes Claros gera atualmente 150 empregos diretos e trabalho produtivo para nove mil famílias que fornecem insumos para a geração de energia”.
Dessa forma, as famílias que fornecem a matéria prima para o biodiesel vão ficar na pobreza, numa região de semi-árido, uma das mais pobres do país, agravando ainda mais essa situação. A ideia de Castelo Branco, presidente da Petrobrás, de que a venda de refinarias traria um mercado mais competitivo, é falsa. Ao contrário, a população vai ficar refém dos altos preços praticados pelos monopólios privados, bem como sofrerá com demissão em massa e perda de renda gerada em torno de todo o contexto produtivo em torno das refinarias. É preciso reagir e combater o desmonte do sistema Petrobras por Bolsonaro, é preciso derrubar o seu governo de extrema-direita e reestatizar completamente a Petrobras e todas as empresas privatizadas.
