Após Renault e General Motors executarem demissões em massa, desta vez a Volkswagen anunciou que vai demitir até 35% do seu efetivo de trabalho no país, o que significa até 5 mil empregos!
A crise capitalista, potencializada pela pandemia do coronavírus, empurrou os patrões para o desespero. Ao não conseguirem manter suas taxas gigantescas de lucros, lançaram mão de uma nova ofensiva contra os trabalhadores, para aumentar a exploração, através de um sem número de ataques, como demissões, rebaixamento salarial, terceirizações, etc.
Desta forma, as empresas do setor automobilístico, sob o argumento de queda em seus lucros, passaram a tentar reverter acordos coletivos e a fechar ou suspender turnos inteiros de trabalho.
O mais recente ataque neste sentido é o da Volkswagen, que propôs ao sindicato dos metalúrgicos medidas que incluem a “flexibilização” da jornada e dos direitos dos trabalhadores, como corte de salários, redução do valor da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e ainda alterações em benefícios como transporte, alimentação e plano de saúde.
Vale observar que a desculpa para os ataques contra os trabalhadores é a mesma de sempre:
“A Volkswagen do Brasil está em processo de negociação com os sindicatos das fábricas em São Bernardo(SP), Taubaté(SP), São Carlos(SP), e São José dos Pinhais(PR), avaliando em conjunto medidas de flexibilização e revisão de Acordos Coletivos para adequação ao nível atual da produção, com foco na sustentabilidade de suas operações no cenário econômico atual, muito impactado pela pandemia do novo coronavírus.”
É uma forma da multinacional dizer “nós patrões estamos em crise e para manter nossos lucros, vocês vão pagar a conta”. É a mesma postura das demais montadoras, como Renault e GM, que viram na pandemia uma oportunidade para implementar os retrocessos aprovados pelo governo golpista de Bolsonaro através de Medidas Provisórias (MPs) como a 936 (da redução dos salários) e a 927 (da carteira verde e amarela, do negociado sobre o legislado).
Desta forma, utilizando a pandemia como pretexto, os patrões, em crise total, ameaçam os trabalhadores com a demissão em massa e demitem uma parte da força de trabalho, para impor à categoria um regime em que se trabalhe mais, para receber menos.
É como ocorreu na Renault no Paraná, onde os patrões, como forma de retaliar a recusa dos metalúrgicos ao rebaixamento salarial, fecharam o 3º turno, demitindo 747 trabalhadores. A categoria fez uma greve combativa, que se manteve por quase um mês, mas acabou derrotada com um acordo dos patrões com a burocracia sindical (Força Sindical) que impôs:
Corte de Salário: “MP 14020 (Antiga MP 936 de Bolsonaro, que foi convertida em lei com o apoio da Força Sindical.) no máximo seis meses ou 18 dias de trabalho, garantindo 85% do salário bruto do empregado”;
Suspensão de Contratos de Trabalho: “LAY-OFF para toda a fábrica ou setor por até 8 meses com garantia de 85% do salário líquido do empregado”;
Demissões: Através de planos de demissão “voluntária” (PDVs), que inclusive poderão ser aplicados ao readmitidos;
Terceirização: “Poderá discutir com o Sindicato até 175 postos ou cargos por turno a partir de 01/09/22”;
Redução Salarial: “Sofrerá ajuste de 20% para os novos contratados”;
A experiência dos metalúrgicos da Renault tem a chave do problema que ameaça todos os demais companheiros no País. Trata-se de um cabo de guerra. De um lado os trabalhadores, que tentam se manter diante do genocídio imposto pelos golpistas, que já assassinaram mais de 110 mil brasileiros pelo coronavírus e conduzem a economia para atender interesses estrangeiros, com preços cada vez mais caros, perda do poder de compra do salário, etc. Do outro os patrões, que deram o golpe de 2016 e elegeram Bolsonaro justamente para promover esses gigantescos ataques contra os trabalhadores e o povo.
Colocado desta forma, fica claro que quem tiver mais força para puxar o cabo sairá vitorioso. Os patrões tem a força do dinheiro, da coerção econômica, da compra de juízes, parlamentares, governantes, agentes do Estado em geral, bem como a ameaça de demissões, a perseguição aos grevistas, etc. Já os trabalhadores, tem algo que nenhum capitalista no mundo tem: são a maioria na sociedade (e nas fábricas), produzem toda a riqueza que o mundo possui e tem capacidade de controlar a produção, caso estejam organizados.
Portanto, a questão chave é a organização coletiva. É preciso que os metalúrgicos assimilem a experiência dos companheiros da Renault. O que teria ocorrido se a fábrica fosse ocupada e a greve mantida contra o acordo que impôs o programa patronal? O que ocorreria hoje se os metalúrgicos da Volkswagen, da GM, da Renault e de todo o país, travassem uma luta conjunto contra os patrões?
Nenhum direito será mantido, nem conquistado sem a mobilização de todos os metalúrgicos, através de greves com ocupação de fábrica.