Renault demite 747 trabalhadores em Curitiba, no último dia 21 de julho, e surpreende a todos com a medida desumana e mais fácil para a empresa tomar, destituída de qualquer preocupação social, e totalmente calcada no lucro. Ainda mais prejudicial é quando se sabe que muitos dos demitidos estavam em tratamento médico ou isolamento devido ao Covid-19, devidamente amparados por atestados médicos, e nem poderiam ser dispensados, sendo até mesmo passível de anulação pela justiça.
Em protesto contra a demissão inesperada, os demais trabalhadores da fábrica entraram em greve no dia 22 de julho para exigir a reversão das demissões, o que vem acontecendo em frente às concessionárias da Renault espalhadas pelo Brasil. Os grevistas buscam pressionar a empresa até que o processo seja revertido, e impedir que outros também percam o emprego.
Os protestos concentram-se principalmente nos estados do Paraná e São Paulo. E, além de reivindicar a reversão dos demitidos, os organizadores argumentam que, segundo a Lei Estadual 15.426/2007, a empresa que recebe incentivos fiscais do Estado deve manter o nível médio de emprego o que impediria uma medida como essa, podendo, inclusive, ser objeto de alguma represália legal, já que a medida estaria contrariando a concessão da benesse recebida pela empresa e uma condição para que a mesma se desse.
Mas, não restam dúvidas de que a única medida eficaz é a mobilização em conjunto da categoria contra a decisão da empresa de prejudicar a classe trabalhadora, imputando a ela o ônus a ser pago pelo problemas provenientes da crise. É ainda mais importante essa mobilização porque, a greve ocorre sob a direção de um sindicato liderado pela Força Sindical, cujo esforço é marcado por um sindicalismo de colaboração com a empresa, e, à frente do movimento, é sempre uma temeridade por militar sempre à favor dos interesses dela. De fato, um organismo importante para a luta do trabalhador como é o sindicato, quando tem uma diretoria pelega, torna-se necessária uma base atuante com um núcleo decidido para empurrar o sindicato contra a sua vontade contra o patrão.
A realização da greve, independente da política de sabotagem da Força Sindical e UGT, centrais sindicais de origem patronal, são de extrema importância para que o movimento consiga êxito na luta contra a Renault para que, além da readmissão dos demitidos, consiga-se, com redução da jornada ou a sua suspensão, sem diminuição do valor do salário, empregar ainda mais trabalhadores.
A luta pela redução da jornada de trabalho (para o PCO a luta deve ser por 35 horas semanais) é uma reivindicação tradicional do movimento operário. Ela é capaz de mobilizar de maneira unificada tanto os empregados como os demitidos e desempregados. Os primeiros, porque é uma defesa de que trabalhem menos, o que significa melhoria das condições de vida do trabalhador, já para os desempregados, é uma proposta para que aumente o emprego para que ninguém fique de fora.
Mesmo que os capitalistas argumentem que a crise impede qualquer movimento neste sentido, é importante firmar convicção de que essa é a melhor saída para o trabalhador, e que, se alguém tem que pagar a conta, esse alguém seja a empresa. Por quê teria que ser o empregado?! Afinal, não nos interessa senão a defesa dos trabalhadores. Ou que paguem as dívidas, ou que entreguem a fábrica aos trabalhadores
Essa tem que ser a política de combate à direita, aos golpistas, só assim os trabalhadores abandonarãm aos sindicatos e centrais amarelas e pelegas, para que possamos reverter, não só o quadro da Renault, mas de todo o desemprego que assola o Brasil, e relega milhões de trabalhadores à condição de miseráveis sem a mínima dignidade.