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Ameaça aos povos da humanidade

Metade da população mundial estará na pobreza após o fim da pandemia

Sem uma revolução social, não há saída para a profunda crise que seja benéfica para o proletariado mundial

A crise de 2020, que já é chamada de depressão por ideólogos do capitalismo, vem apresentando algumas das faces mais cruéis deste sistema, que há mais de 100 anos deixou de ser um fator de progresso para se tornar uma repugnante e cada vez mais brutal forma de exploração. É o que aponta um estudo da Organização Não Governamental burguesa Oxfam, divulgado com algum barulho no último 9 de abril.

Segundo a ONG, pelo menos 500 milhões de pessoas devem cair na pobreza com até o fim da crise impulsionada pela pandemia, devido à paralisação da economia global. Num contexto em que mais de 3,4 bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, a projeção é no mínimo alarmante.

No relatório “Dignity Not Destitution” (sem tradução para o português), a Oxfam apresenta seu “Plano de Resgate Econômico para todos” enfatizando a necessidade de direcionar a ajuda financeira às famílias pobres e às pequenas empresas, além do perdão da dívida externa por parte da nações imperialistas para as nações atrasadas, o que custaria 1 trilhão de dólares segundo a ONG, e a criação de um fundo de 500 bilhões de dólares para a construção e manutenção de um sistema de saúde nos países atrasados.

A Oxfam destaca ainda que focar o programa de resgates em salvar os bancos no lugar de pessoas comuns, seria repetir um equívoco da crise de 2008, cuja lição deve ser lembrada agora. A política de austeridade precisa dar lugar a uma política tributária progressista, que faça o peso dos impostos recair sobre os lucros das grandes empresas e os ricos. Claro que esperar por isso seria o cúmulo do otimismo.

Conforme o próprio documento aponta, mais de 111 países estão hoje sob regimes de características fascistas. O que a Oxfam “esquece”, é que estes regimes são impostos justamente por aqueles que a ONG, de maneira muito idealista, busca tributar. Tanto a política “errada” (para quem?) adotada pelos governos burgueses dos países centrais do capitalismo quanto a existência de regimes dedicados a promover um sistemático “abuso aos direitos civis populares” nas periferias são parte da mesma articulação.

Nesse sentido, se a atual etapa da crise capitalista ameaça aprofundar o drama de 3,4 bilhões de pobres no planeta, o cálculo que o imperialismo faz é o risco político de levar a cabo sua agenda. Nisto, está incluído também quase 1 bilhão de miseráveis que passaram fome em 2019, com consequências fatais para mais de 9 milhões de seres humanos, dos quais, mais de 3,5 milhões eram crianças!

Se nem isto é capaz de sensibilizar a burocracia política, empregada pela classe dominante para gerir os negócios de Estado, que tampouco demonstra qualquer consideração pelo fato de 13,5 milhões de brasileiros terem sido atirados à miséria em 2019 com a política imposta pelo imperialismo no país, se quase 6.000% de crescimento do desemprego, em um intervalo de apenas 3 semanas e na principal nação capitalista do mundo (onde já vivem 140 milhões de pobres) não ameniza em nada a rapina da burguesia decadente, não será através dos expedientes administrativos da burocracia que virá uma superação da crise em benefício dos trabalhadores.

A classe trabalhadora do conjunto da União Europeia já sofria com uma altíssima taxa de desemprego para os padrões do imperialismo: 6,2% no final de 2019. Uma das mais importantes nações imperialistas, a França, que já apresentava 8,1% de sua força de trabalho desempregada em janeiro, viu 20% dos seus 30,3 milhões de trabalhadores sem ocupação, um crescimento superior a 252% na taxa de desocupação, em um intervalo de 3 meses. Outras nações imperialistas apresentam uma situação ainda mais desoladora.

Sob a política da burguesia, fica claro, pela análise do desenvolvimento político das últimas décadas e com especial destaque para a ascensão do neoliberalismo, a partir dos anos 1970, que há uma tendência de ataques constantes e cada vez mais severos contra o proletariado global de conjunto, onde nem mesmo os trabalhadores das nações imperialistas estão numa posição muito confortável, como a explosão do desemprego nos EUA e na Europa demonstram. Se nestes países a burguesia não viu outra saída a não ser atacar duramente os trabalhadores, é por que uma verdadeira catástrofe está preparada à esmagadora maioria dos países do mundo.

Para garantir os interesses do proletariado, é preciso uma política própria da classe trabalhadora, independente, despida dos preconceitos massificados pela propaganda reacionária da esquerda pequeno burguesa. Se no centro nervoso do imperialismo a situação dos trabalhadores está nesse nível de desagregação social, o proletariado das nações atrasadas certamente será alvo de ataques, e em escala de brutalidade sem precedentes.

A saída para a superação da crise não envolve criatividade administrativa. O controle das indústrias, dos sistemas financeiros, das economias nacionais de conjunto, enfim, são medidas conhecidas e que dependem, isto sim, da luta política, mais do que qualquer outra coisa. A falta deste elemento, político (e primordial) para a situação econômica é o que torna o relatório da Oxfam uma fonte de informações relevantes, na denúncia, mas uma homilia nas propostas para superação da crise.

A burguesia autorizar os Estados nacionais a ceder recursos aos trabalhadores e o conjunto da população pobre é algo que só irá acontecer caso os capitalistas se sintam ameaçados, e ainda assim, só enquanto a ameaça durar. Por esta razão eles precisam ser derrubados de sua posição dominante. E para isso, a revolução operária se faz necessária. Só assim, através da força, a vanguarda do proletariado, a classe operária, poderá impor um programa econômico que supere o atraso e a destruição das forças produtivas, a solução tradicional do capitalismo desde o começo de sua cris histórica, há mais de 100 anos.

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