As instituições particulares de ensino são, em sua imensa maioria, negócios de baixa qualidade. O caráter ferino dos capitalistas da educação tem ficado evidente desde o início da pandemia de coronavírus. Os patrões, sábios como classe, aproveitam a confusão social e a paralisia política para ganhar terreno na precarização de todos os serviços prestados.
Dentro do ensino, a moda é a educação à distância. De fato, caso todos os alunos e professores tivessem condições materiais para acessar os serviços, o ensino à distância seria uma boa alternativa temporária para o problema. Contudo, o que vem acontecendo é que as instituições abandonaram os alunos à própria sorte e aproveitam o momento para lucrar.
A diminuição de gastos causada pelo fechamento dos campi e pelas demissões e achatamentos de salários não está sendo repassada aos estudantes. A maioria dos empresários se recusa a aplicar descontos no valor das mensalidades. Mesmo as universidades que ofertam o curso à distância por um valor inferior ao curso presencial, e que obrigaram todos a migrarem para a modalidade online, se negam a rebaixar os preços temporariamente.
Para piorar o quadro, os alunos que abandonaram o ensino básico e médio particulares por conta da crise financeira não têm encontrado vagas na rede pública, correndo o risco de ficar sem estudar no próximo período. Muitos pais de alunos sequer conseguem entrar em contato com as escolas, já que as restrições de trabalho esvaziaram os postos de atendimento.
A União Nacional dos Estudantes, uma poderosa entidade civil que tem suas mãos constantemente atadas por lideranças confusas e centristas, pretende responder ao roubo com abaixo-assinados e representação no Ministério Público. Curioso que, além de limitarem as ações a vias comprovadamente ineficientes, a UNE escolheu reclamar ao Ministério Público Federal, o lar das bestas-feras do judiciário brasileiro. Havia outras opções igualmente institucionais, mas menos direitistas, como a Defensoria Pública da União.
Logo, depois de um imbroglio judicial longo e extenuante, repleto de liminares contraditórias, a UNE perceberá – ou assim se espera que o faça – que o caminho certo a seguir é o da mobilização dos estudantes nas ruas. Os atos de Maio de 2019, que completarão um ano na próxima semana, devem ser reeditados, em versão organizada, cumprindo as medidas de segurança impostas pelo coronavírus. O ato de Primeiro de Maio promovido pelo Partido da Causa Operária, a exemplo de muitos outros atos ao redor do mundo, demonstrou na prática que é possível mobilizar em tempos de quarentena.
A direita fascista anda solta e os pratões estão no comando das instituições. Assim, a única forma de exigir algo, quer seja o Fora Bolsonaro ou a aplicação de desconto nas mensalidades, não há outro caminho senão as ruas.
