O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, disse que “está pensando em todos os franceses, diante do ritmo acelerado de falências e demissões”, ao afirmar que é preciso equilibrar a atividade econômica e a questão sanitária, para amenizar “o custo que a crise pode ter para os mais frágeis”. Le Maire também espera que o retorno ao trabalho seja “massivo”, com a normalização da atividade econômica até o verão.
De acordo com o Insee, o instituto de estatística francês, no primeiro trimestre de 2020, 497.400 empregos foram destruídos no setor privado. A situação é mais grave do que a estimativa feita pelo instituto em 7 de maio, que alertava para o desaparecimento de 453.800 empregos nesse primeiro trimestre.
Além disso, o governo acredita que haverá um recuo de 11% do PIB (Produto Interno Bruto) e estima que 800 mil vagas de emprego serão destruídas em 2020.
Acuado, o presidente Emmanuel Macron deve fazer um pronunciamento neste domingo (14/06) sobre a crise do coronavírus e a retomada econômica.
Esses dados do Insee podem ser considerados extremamente otimistas – e convenientes para o governo Macron – se levarmos em conta que até o fim de abril deste ano aproximadamente 9 milhões de franceses entraram no programa de “desemprego parcial”, no qual o governo arca com parte do salário. Outro fato é que de cada duas empresas francesas, uma aderiu a esse programa. Comparando com os números da queda prevista do PIB e do desemprego parcial, fica difícil acreditar que o número de novos desempregados seja realmente de 497.400, mesmo sendo alto em um país que tem 25 milhões de assalariados.
O quem vemos hoje no mundo, seja na França, nos EUA e nos países mais pobres, é uma crise econômica e social de dimensão inédita e altamente explosiva. Não é a toa que todos os governos direitistas tem procurado ocultar os fatos o máximo de tempo possível, o que não se sustenta, pois, parafraseando Abraham Lincoln, “não se pode enganar a todos todo o tempo”. O retorno dos coletes amarelos às ruas da França em 2020 é a prova de que esse tempo já acabou para Macron.
Quem fala em equilíbrio entre atividade econômica e questão sanitária está na verdade assumindo que é aceitável sacrificar a vida de seres humanos para que os lucros dos capitalistas sejam salvos. A única maneira tolerável de se lidar com a crise econômica no contexto da pandemia do coronavírus é fazer o máximo – tecnicamente falando – para preservar a saúde da população, o que implica em garantir a sobrevivência – economicamente falando – de todo o povo. Isso, por si só, preservaria a atividade econômica e a saúde. O problema para esses genocidas neoliberais é que eles não conseguem enxergar uma economia cujo motor não seja o lucro, e é justamente essa a contradição que a humanidade vive desde o início do século XX e que caracteriza a crise do capitalismo: esse modo de produção é incompatível com tudo o que é humano e civilizado.