No dia de ontem, o Ministério da Educação (MEC) determinou a volta às aulas presenciais em todas as universidades e institutos federais a partir do dia 4 de janeiro. Por meio da mesma portaria no “Diário Oficial da União”, o ministério também revogou a permissão para que as atividades on-line -conhecidas “EAD”- contassem como dias letivos no calendário.
Genocídio em marcha
A decisão servia para suspender o fechamento das escolas e universidades de ensino superior, que não reabrem desde o mês de março devido à pandemia do novo coronavírus. Além disso, representava um passo adiante nos ataques contra os professores e estudantes. Após massacra-los com o Ensino à Distância (EAD), o MEC bolsonarista deseja jogar todos para um vírus extremamente letal.
O MEC ainda definiu que é de responsabilidade das instituições fornecerem recursos para os alunos acompanharem as atividades, sendo que o mesmo vale para o cumprimento de protocolos de biossegurança, que supostamente seriam o suficiente para conter a contaminação.
O que chama a atenção é a total disparidade dessa política com os reais investimentos feitos na educação. O orçamento do ministério para a educação em 2021 prevê cortes de R$ 1,4 bilhão, demonstrando que na realidade, não há nenhum interesse na defesa da educação.
Este retorno faria com que as atividades presenciais propiciassem a circulação de mais de 2,3 milhões de pessoas, segundo dados do próprio MEC. Seria assim responsável por fazer retornar as atividades em ao menos 110 federais em todo o País, bem como nas milhares de faculdades privadas.
A notícia, como era de se esperar, causou rapidamente uma polêmica em todo o meio acadêmico. Reitores como Soraya Smaili, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) colocaram que “não é possível pensar em um retorno presencial”.
Todos aqueles que são os responsáveis diretos pelas instituições visivelmente temem as consequências da reabertura. O que está em jogo é a vida de milhões de alunos, professores, funcionários e seus familiares, a pressão é muito forte por parte desse setor, uma resposta clara à pressão econômica feita pelos capitalistas.
Para o MEC, o que vale não é a vida dos estudantes, mas sim os interesses econômicos da burguesia brasileira e imperialista. A decisão de reabrir tem como único objetivo reanimar o mercado capitalista, já muito fragilizado pela crise econômica, e que está sendo levado rapidamente a um abismo pela pandemia.
Os capitalistas precisam da reabertura. São milhões de estudantes e funcionários que estão deixando de circular e frequentar o mercado, seja na compra de materiais ligados diretamente ao âmbito acadêmico ou não. O que há, é uma quebra de toda esta fonte de renda dos capitalistas, algo que se torna ainda mais crucial em plena crise econômica.
Meia volta…
Assim, após toda a polêmica gerada, o MEC se viu obrigado a recuar frente à reabertura. Na mesma quarta-feira, o ministério voltou atrás na portaria.
Em entrevista à CNN, o ministro da educação, Milton Ribeiro, percebendo toda a crise que se gerou em torno de sua política, afirmou que irá realizar uma consulta pública com o setor acadêmico para a tomada de novas decisões.
Mais nada chegou a ser divulgado, que tipo de “consulta” seria essa, que é o dito “setor acadêmico” ou qualquer coisa que represente algo minimamente objetivo fora divulgado. O que se percebe em meio a esta toda situação é a política de desespero de setores da burguesia golpista, e sua total incompatibilidade com a vontade popular.
A decisão do MEC prontamente se mostrou um fracasso, mas não pela ação das nada combativas organizações estudantis, como a UNE, porém sim pela já perceptível total impopularidade da política, o que demonstra a própria fragilidade do governo na tomada de decisões.
No entanto, não é por um recuo que o MEC e os capitalistas deixarão de tentar emplacar de vez esta política. As escolas privadas já começaram a ser reabertas, é mais um passo para as públicas seguirem o mesmo caminho. Por isso, não pode-se ter ilusões, o movimento estudantil precisa rapidamente se organizar e mobilizar-se contra o governo Bolsonaro. A luta deve ser por volta às aulas apenas com vacina para todos, e isso se dará de fato, com uma real luta pela derrubada do governo golpista.