O Ministério da Educação (MEC) anunciou, nessa quinta-feira (11), que pretende criar cerca de 108 escolas militares até 2023. O anúncio do projeto elitista foi feito pelo ministro da educação, o golpista Abraham Weintraub, conhecido pelo seu péssimo desempenho dentro de um dos ministérios mais importantes. A militarização da educação pública é uma clara tentativa da extrema direita em colocar a censura e repressão dentro das escolas, uma verdadeira ditadura militar, na qual a autonomia dos professores será completamente aniquilada em detrimento de uma disciplina militar que não educa ninguém.
As escolas militares serão administradas por policiais e a entrada dos alunos se dará por sorteio, ou seja, excluindo já de início quem não se encaixa nos infelizes critérios do governo. A realidade das escolas militares é completamente absurda, onde normas rígidas tomam conta do aprendizado. Os meninos, por exemplo, precisam usar um determinado corte de cabelo, em que até o número da máquina do corte é estipulado pelos militares. Não é permitido o uso de brincos e piercings, as meninas são obrigadas a usar coques e é proibido deixar as unhas crescerem.
São exigências irracionais, em que o único propósito é fazer com que os jovens percam a autonomia, a singularidade e a criatividade, reduzindo completamente suas individualidades. A premissa de que as escolas militares possuem maior eficácia no ensino é completamente falsa. Baseado no ENEM de 2017, alunos dos Institutos Públicos Federais se saíram muito melhor que os alunos de escolas militares, isso sem a rigidez e a “disciplina” militar.
Os problemas que a educação no Brasil enfrentam não são caso de polícia, mas, sim, de organização e investimento. Salas de aula superlotadas, falta de docentes, infraestruturas precárias, falta de materiais escolares, essa é a realidade das escolas públicas brasileiras e isso nada tem a ver com militarização das escolas. Os jovens pobres e negros já encaram constantemente a violência policial e sabem que os métodos de disciplina da polícia não são dos mais pedagógicos.
Recentemente, aconteceram muitos casos de policiais militares em confronto com estudantes, que apenas manifestavam seus direitos à educação. Agora, os militares estarão dentro das escolas, com liberdade do Estado para “disciplinarem” os jovens. Numa sociedade punitivista, sabemos que isso significa, principalmente, conter a fúria dos jovens que tanto tem a protestar contra um Estado que os largou em completo caos e descaso.
Os professores, que tanto sofrem nesse governo golpista, com políticas de arrocho salarial e retirada de direitos, precisam se organizar nos sindicatos e em outros setores, para não deixar passar esse tipo de política repressiva, uma verdadeira ditadura militar. O que as escolas públicas precisam é de investimento e atenção do Estado, de projetos que levem a sério o trabalho dos professores e que os remunere bem. Os alunos precisam do auxílio e incentivo do Estado para frequentarem as escolas e não de repressão e ditaduras.