Com as eleições chegando, as trocas pelos militantes de partido político, muito comum entre os demagogos e carreiristas, começam a acontecer. É o caso, por exemplo, dos integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre), ONG criada em 2014 para combater a corrupção e lutar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Na verdade não passou de mais do que uma estratégia dos direitistas e conservadores na busca de alternativas para derrubar o PT e crescer no cenário político com gente do tipo de Kim Kataguiri, Fernando Holiday, e Bruno Covas.
No final das contas, o MBL nasce para o impeachment da Dilma, empunhando a bandeira da luta contra a corrupção, com a função de bastião da honestidade e dos bons costumes, uma pauta tradicional da direita, o que não engana mais ninguém, pois é próprio do sistema capitalista, defendido pela direita, a corrupção, privilégios, e promoções intraclasse. É já do DNA da direita ganhar dinheiro sem esforço, e às custas da exploração e espoliação do trabalhador, assim como de cirandas financeiras.
Exemplo disso vem de uma entrevista que Kim Kataguiri concedeu à revista Época, em dezembro de 2014, quando afirmou não ter dúvidas do envolvimento pessoal da então Presidenta Dilma com corrupção, fato que ele nunca provou. Se valeu da mesma manobra de diversos políticos e parlamentares que encheram as redes sociais de mentiras na tentativa de macular a imagem e a história de pessoas interessadas na construção de um por um viés mais à esquerda.
Mas não parou aí. Nas passeatas convocadas pelo MBL também, e amplamente difundidas pela mídia, contra a Presidente Dilma, gritando “Vai pra Cuba!” que Kim Kateguiri se popularizou nesse meio. E ficou visível que havia muito investimento no movimento. Os altos custos das passeatas reclamaram explicações, que, segundo informaram, foram pagas com doações sem, contudo esclarecer de quem e por qual motivo. Na época, no Piauí, 1 milhão foi investido por políticos opositores e derrotados, só na passeata de março de 2015. O mais interessante, o que não causa surpresa, foi a influência imperialista estadunidense. Veio à público a ligação dos integrantes do MBL, dentre os quais Kim Kateguiri, a Leadership Academy, e o Institute for Humane Studies bancadas pela Atlas Economic Research Foundation, uma organização financiada pelos irmãos Koch para convencer o mundo estudantil da justeza de suas gananciosas propostas. Financiadores dos protestos convocados por Kim e o MBL, os irmãos Koch são donos de Corporação petroleira norte-americana que ataca direitos indígenas, depreda o ambiente e alimentou interesses em atingir a Petrobras. O que conseguiu.
O MBL, que se dizia um movimento apartidário, também recebeu apoio financeiro, como impressão de panfletos, uso de carros de som, e coquetéis, de partidos políticos como o PMDB, o Solidariedade, DEM e PSDB. E isso dito pelo seu presidente Renan Santos á UOL, depois dela ter vazado um áudio onde Renan contava isso a um associado.
Após apoiar a campanha e eleger Bolsonaro, o MBL passou a fazer uma oposição de fachada a ele, que, em grande medida, foi justificada pelas sandices do palácio do planalto. Mas, é fachada mesmo, porque a pauta neoliberal é, e sempre foi, a que interessa à direita, e o que une os seus vários setores. Não tem sentido, a não ser pela pura demagogia, a oposição encampada.
No fundo, não existe uma preocupação ideológica determinante, apenas diretrizes de um conservadorismo liberal. Tanto é assim, que nas eleições municipais de 2016 o grupo lançou 45 candidatos, um a prefeito e 44 a vereador. Os partidos com mais filiados do MBL eram o PSDB e o DEM, com dez cada um. Havia ainda candidatos por PP, PSC, Novo, PEN, PHS, PMDB, PPS, PRB, Pros, PSB, PTB, PTN, PV e SD.
Mas os novos planos de alugar uma legenda, desmascaram o grupo e revelam seus reais interesses. Agora, seus associados estão se filiando em peso no partido Patriota, em São Paulo. Um partido de extrema-direita e apoiador de Bolsonaro, a sigla é a segunda mais fiel aos projetos do governo na Câmara, tendo votado a favor deles em 90% da vezes. O PSL, por exemplo, apoiou menos: 85,4% das vezes. Ou seja, o MBL escolheu como sua nova casa um partido mais alinhado ao bolsonarismo do que aquele que elegeu Bolsonaro.
Um partido de pequena estatura, o Patriota não tem nenhum peso político nem muito menos verba partidária, o que mudará com a entrada do MBL. Certamente esta é a motivação para ingressar no partido, escolhido pelo agrupamento de olho na oportunidade de aumentar as verbas do fundo partidário, com a reunião de todos os seus pela legenda.
Adilson Barroso, fundador e atual vereador de Barrinhas, interior de São Paulo, uma cidade de 30 mil habitantes, é um evangélico que já se candidatou a deputado estadual por quase todos os partidos ultraconservadores do país como Prona, PSC e PSL. Hoje é, essencialmente, um partido que abriga políticos evangélicos oriundos de outros partidos conservadores como o PSC.
O presidente do Patriota deixou claro a subserviência irrestrita do partido ao bolsonarismo: “Se houver fusão (com outro partido), o próprio grupo do Bolsonaro escolherá o partido com o qual iremos nos fundir. O Bolsonaro está ciente de que o Patriota o ama. Estamos com ele desde que tinha 5% (de intenção de voto em pesquisas)”.
O coordenador nacional do movimento, Renato Battista, afirmou ao ser perguntado sobre o apoio do partido ao governo extremista: “Não vamos defender ou atacar Bolsonaro. Vamos defender a cidade de São Paulo, que precisa de um prefeito inovador para se tornar a cidade que sempre mereceu ser”.
Tudo não passa de jogo de cena! Para essa gente, até o ódio é combinado.