Um dos agrupamentos mais ativos da campanha golpista-direitista que acabou por derrubar o governo da presidente petista Dilma Rousseff, o Movimento Brasil Livre (MBL), vem no último período ensaiando uma espécie de “mea culpa” em função de haver se colocado e atuado como um dos principais cabos eleitorais do então presidenciável fascista e de extrema direita, o ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro, que acabou sendo eleito em um pleito marcado indelevelmente pela fraude e pela manipulação, processo esse sem paralelo na história do país.
Decorridos sete meses desde a sua posse, Bolsonaro é hoje nada mais do que um cadáver insepulto, um sobrevivente da catástrofe que assumiu os rumos do seu governo. O que se vê hoje, por onde Bolsonaro passa, é o repúdio popular ao governo que vem atacando todos os direitos do povo trabalhador, onde conquistas elementares como a aposentadoria e a educação estão simplesmente sendo liquidadas em favor dos interesses capitalistas, dos bancos, do grande empresariado e do imperialismo.
Não são poucos os setores que outrora o apoiaram e que em razão da debacle completa do governo ensaiam “rupturas” com o bolsonarismo, até mesmo para garantir a própria sobrevivência (como faz o MBL neste momento); grupúsculos ou personalidades que exaltavam os discursos do ex-parlamentar de sete mandatos medíocres e que agora buscam se distanciar para não parecer ainda estarem vinculados à defesa de um governo que caminha, irremediavelmente, em direção ao abismo.
Financiados e treinados por agências “liberais” ligadas a extrema direita norte-americana (Students for Liberty, Atlas Network, Koch Industries), os ignorantes e impostores rapazes do MBL estão neste momento pulando fora do náufrago barco do bolsonarismo, que vem fazendo água por todos os lados. “A gente polarizou, e era fácil e gostoso polarizar. Quando começaram a proliferar as camisetas do Bolsonaro e as pessoas diziam “mito, mito”, a ideia de infalibilidade dele, muito foi porque ajudamos a destampar uma caixa de Pandora de um discurso polarizado”. “Foi um erro endossar candidaturas majoritárias. Erramos em apoiar [João] Doria. Erramos em endossar Bolsonaro no segundo turno”, (Jornal de Caruauru, 28/07), disse um dos coordenadores do MBL, Renan Santos, que acrescentou dizendo ter havido “exageros” na retórica agressiva do MBL, que levou “estímulos de polarização” (idem, 28/07).