O estado do Mato Grosso do Sul registrou a morte de 99 indígenas, desde o início da pandemia. Com este número, o estado torna-se o terceiro do país com maior número de vítimas fatais, isso considerando as diversas denúncias de subnotificação que acontecem em todo o Brasil. De acordo com a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), 57 vítimas do coronavírus no estado eram da etnia Terena. Além desta, no Estado foram registrados outros óbitos de outras etnias como os Guarani Kaiowá e Camba. Até o momento, o Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) registrou um total de 3.736 infectados pela doença no Estado.
A política de extermínio dos povos indígenas é algo que acontece não apenas no âmbito federal, mas também é algo implementado pelos governos estaduais e municipais para atender e apropriar-se das terras, aumentando assim os latifúndios e domínio dos grandes proprietários. O Estado do Mato Grosso do Sul é o estado que tem a maior violência contra os indígenas, em uma verdadeira ação de extermínio para enfraquecer a luta pela terra. Se essa política já não é novidade, a pandemia do coronavírus e a total falta de investimento em saúde estão completamente alinhadas a política geral de extermínio dos povos indígenas.
Importante frisar que este não é um caso isolado. No final do ano passado, a Câmara Municipal de Porto Alegre, aprovou uma mudança no Plano Diretor da cidade com o objetivo de facilitar a apropriação das terras indígenas, para atender a especulação imobiliária na cidade. Este tipo de situação que não tem nada de novo, aprofunda-se cada vez mais diante do colpaso ecônomico do país e do aval e incentivo do governo federal. Não apenas na figura de Bolsonaro, mas de todos os golpistas que pretendem levar adiante essa política de extermínio.
Diante deste cenário, não há outra opção à esquerda. É preciso denunciar os ataques sofridos pelos povos indígenas em todos os estados. Fazer a denúncia de que não há um efetivo combate diante da pandemia, nem pelo governo federal, nem pelos governos estaduais e municipais. O assassinato sistemático de lideranças indígenas é algo histórico que não poderá ser barrado, a não ser com a mobilização e armamento dos setores explorados. Qualquer outro tipo de política, principalmente aquela levada pela esquerda institucional que é de concessão e apoio aos golpistas, só aumentará a miséria e a violência contra os povos indígenas, os quais já possuem condições muito precárias de vida em várias localidades do País.