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Impressionismo francês

MASP expõe acervo de Degas guardado há 14 anos

Dentre os trabalhos em exibição no MASP está a série de 38 esculturas em bronze retratando bailarinas de Paris, um dos principais temas de sua obra

Os amantes do mestre do impressionista francês Edgar Degas têm motivos para festa. O MASP fará, a partir do dia 4 de dezembro, uma exposição com cerca de 150 obras do artista, incluindo um acerto de 76 trabalhos, de propriedade do museu, que não eram vistos pelo público desde 2006.

Destas 76 obras estão dois desenhos, uma pintura e uma coleção completa de 73 esculturas em bronze, da qual faz parte a célebre série de bailarinas (38 esculturas no total), inclusiva a lendária “Bailarina de Quatorze Anos”, obra de 1880. Vale destacar que apenas outros três museus em todo o mundo possuem esta coleção completa de esculturas, o Metropolitan de Nova York, o Musée d’Orsay em Paris e o Glyptotek Ny Carlsberg de Copenhague.

Estes 150 trabalhos do mestre francês exploram sua relação com o universo das mulheres na dança, especificamente no balé.

Edgar Degas

Edgar Degas era um homem tímido e reservado, com um temperamento difícil, inteligência mordaz e obcecado por sua privacidade. Foi identificado entre os artistas do movimento impressionista, mas ele mesmo nunca se considerou um impressionista, mas sim um realista. Poucos de seus trabalhos foram baseados em paisagens, já que ele preferia pintar dentro do seu estúdio, iluminando seus quadros com luz artificial. Tinha muito ciúme de seu estúdio, que considerava um lugar sagrado e onde ninguém podia entrar, com exceção dos modelos e dos marchands.

Foi completamente dedicado à sua arte, chegando a dizer que “quando não estou trabalhando, mesmo que seja por algumas horas, sinto-me culpado e estúpido”. Sua produção foi enorme, em torno de 2000 obras.

O nome completo de Edgar Degas era Hilaire-Germain-Edgar de Gas. Ele nasceu em Paris em 19 de julho de 1834, em uma família da alta burguesia parisiense. O avô de Degas, Hilaire-René, foi o fundador de um banco em Nápoles, o que lhe assegurou um grande patrimônio e posição social de destaque na cidade. Foi em Nápoles que nasceu o pai de Degas, Auguste de Gas. Auguste se mudou para Paris onde abriu uma filial do banco de seu pai.

Edgar recebeu uma educação formal tradicional e desde cedo mostrou interesse pela música e artes plásticas, costumando, desde cedo, a frequentar os salões do Museu do Louvre e a participar das reuniões do pai com artistas amadores e colecionadores de arte. Em 1845 foi matriculado no Liceu Louis-le-Grand, onde completou os estudos colegiais. Em 1852 ingressou no curso de Direito, que ele acabou abandonando para seguir sua vocação pela pintura. Foi, então, estudar com Louis Lamothe, que embora tenha sido um artista medíocre, foi aluno do grande Jean-Auguste-Dominique Ingres. Degas chegou a conhecer Ingres em 1855, que o aconselhou: “desenhe as linhas, muitas linhas, que venham à sua mente ou da natureza, dessa maneira você será um grande artista”, conselho que Degas seguiria à risca por toda sua carreira.

Degas se interessa sobretudo pelo traço: seus desenhos rápidos e precisos revelavam rara habilidade e sentido de movimento. Para romper com o imobilismo de um quadro ele inventava enquadramentos descentralizados, invertia a perspectiva ou fixava a cena em um espaço cortado de modo arbitrário, concepção que ele aprofundou com o desenvolvimento da fotografia. Degas utilizou a fotografia como poucos artistas de sua época.

Entre 1856 e 1858 Degas fez três viagens à Itália. Em sua última viagem ficou hospedado com a família de sua tia em Nápoles. Lá ele realizou os estudos que dariam origem à sua primeira obra-prima, “A Família Bellelli”. Lá também estudou as obras clássicas de Michelangelo, Rafael, Luca Signorelli e outros artistas renascentistas.

De volta a Paris em 1859 ele se mudou para um estúdio grande o bastante para permitir-lhe começar a pintar “A Família Bellelli”, um trabalho que ele pretendia exibir no Salão de Paris, mas ficou inacabado até 1867. Nesse período começou a trabalhar em uma série de pinturas de caráter histórico como “Alexandre e Bucephalus e a Filha de Jefté” (1859-60), “Semiramis construindo Babilônia” (1860) e “Jovens espartanos” (1860). Em 1861 Degas visitou seu amigo Paul Valpinçon na Normandia, onde começou a fazer os seus primeiros estudos de figuras de cavalos, passando muitas horas no hipódromo de Longchamp, desenhando jóqueis e suas montarias.

Em 1864 Edgar conheceu Édouard Manet de quem se tornou grande amigo. Foi por intermédio de Manet que Degas se aproximou do grupo de artistas que, dez anos mais tarde, viriam a ser conhecidos como impressionistas. Em 1870 a França entrou em guerra contra a Prússia e Degas teve que servir na artilharia do exército. Foi por esta época que sua visão, que já não era perfeita, começou a dar sinais alarmantes, fazendo com que o artista vivesse o resto de sua vida sob a ameaça da cegueira completa.

Com o fim da guerra começou a frequentar a Ópera de Paris, pintando muitas cenas com bailarinas. Em 1872 foi para Nova Orleans onde seu irmão René e outros parentes viviam. Lá produziu várias obras, muitas retratando membros de sua família e suas atividades comerciais. Uma de suas obras, “A Bolsa de algodão de Nova Orleans” foi exibida em Paris na Exposição Impressionista de 1876. Foi vendida em 1878 para o Museu Municipal de Pau, na França, o seu único trabalho vendido para um museu durante sua vida. O quadro mostrava um tema até então inédito para a época, retratando a Bolsa de Algodão de Nova Orleans, em que aborda o frio mundo das bolsas de mercadorias da nova sociedade industrial. Degas abordaria aspectos da sociedade em muitas obras posteriores.

Degas voltou a Paris em 1873 e no ano seguinte seu pai veio a falecer. Foi quando descobriu que seu irmão René tinha contraído enormes dívidas decorrentes de negócios malsucedidos. Para preservar o nome da família Degas vendeu a sua casa e a coleção de obras de arte que havia herdado do pai para saldar os débitos de René. Pela primeira vez em sua vida Degas precisou depender da venda de seus trabalhos para se sustentar. Por isso boa parte de suas maiores obras foram feitas em um período de dez anos a partir de 1874.

Foi a partir de 1874 que Degas começou a mostrar seus trabalhos dentro das Exposições Impressionistas, um total de oito mostras até 1886. Degas tinha um papel de destaque organizando estas mostras, apesar de constantes conflitos com os outros artistas. Degas nunca se considerou um impressionista e costumava colocar obras de outros artistas não impressionistas como Jean-Louis Forain e Jean-François Raffaëlli nas mostras, o que acabou resultando na sua saída do grupo em 1886.

Sua situação financeira melhorou com as vendas para particulares e com isso começou a fazer sua própria coleção de arte com obras de artistas que ele admirava, como El Greco, Manet, Pissarro, Cézanne, Gauguin, Van Gogh e Édouard Brandon. Três de seus favoritos estão bem representados em sua coleção: Ingres, Delacroix e Daumier.

Na década de 1880 a visão de Degas piorou e então ele decidiu se dedicar a formas de expressão mais compatíveis com sua situação. Mudou sua técnica de pintura, tornando-a menos minuciosa e passou a usar o pastel, para trabalhar com maior rapidez e sem se ater a tantos detalhes. Começou também a trabalhar com esculturas.

Esculturas

Sua primeira escultura foi exposta em 1881, a “Bailarina de Quatorze Anos”, feita originalmente em cera, vestida com uma saia de algodão e uma peruca de cabelo natural e depois reproduzida em bronze. A peça provocou uma polêmica entre críticos, alguns deles a comparando com um macaco.

Nos anos seguintes Degas completou uma série de 73 bronzes de bailarinas que foram vendidas por marchands entre 1912 e 1921. Esta é uma das séries que estão sendo expostas agora, mais uma vez, no MASP.

Na década de 1880 a atividade do balé não era um trabalho respeitável, sendo que muitas bailarinas acabavam na prostituição. Degas nunca abandonou as bailarinas e sua dura realidade e retratou por toda sua vida seus movimentos leves e quase angelicais, transfiguradas pelas luzes fosforescentes do palco. Degas não buscava no balé apenas a sua graça sedutora, mas as posições absurdas e seu equilíbrio quase impossível. Para ele significava pintar lindos tecidos e a execução de movimentos.

Nos últimos anos de vida Degas se isolou devido à sua crença que um pintor não poderia ter uma vida pessoal. Muitos de seus amigos romperam com ele e em 1912 a iminente demolição de sua casa na rua Victor-Massé, residência de tantos anos, o forçou a se mudar para outra casa, em Boulevard de Clichy. Degas nunca se casou e passou seus últimos dias vagando pelas ruas de Paris, praticamente cego, até morrer em 27 de setembro de 1917.

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