Como já era esperado das empresas capitalistas, os preços abusivos com itens essenciais diante da pandemia do Covid-19 já começaram a ser praticados no Brasil. Produtos como máscaras e álcool em gel têm sido verificados com um aumento de preço de até 3000%, tanto no comércio, quanto nas empresas que vendem os produtos para hospitais.
Em São Paulo, foi verificado que caixas de máscaras de 50 unidades que geralmente custavam R$ 4,50 em janeiro, tiveram seus preços elevados para R$35,00 no começo de março e no último dia 17 a mesma já estava custando R$50,00. Além disso, a Federação e o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo denunciou ao Procon que além de preços abusivos, muitos produtos estão em falta, como por exemplo até medicamentos que não fazem parte do tratamento do Covid-19. Outro exemplo da prática de preços abusivos está no mercado virtual, onde o preço da caixa de máscaras passou de R$9,90 para até R$200,00 em algumas plataformas.
No Rio de Janeiro, na última segunda-feira (23), o Procon notificou 17 estabelecimentos por prática abusiva de preços. Em alguns, o preço chegou a ser praticado 40 vezes mais caros que o habitual. Uma das empresas notificadas, a Supermed, estava vendendo a caixa de máscaras com um aumento de 3650%, passando de R$4,40 antes da pandemia para R$ 165,00. No campo virtual, houve uma empresa notificada pela venda de 52g de álcool em gel pelo preço absurdo de R$149,00. Além de produtos de saúde, mercados também foram notificados pela prática de preços abusivos em produtos de cesta básica como leite e arroz.
Essa prática da especulação de preços em momentos de crise ou consumo um pouco acima do normal de itens é recorrente na economia capitalista, onde empresários e comerciantes aumentam astronomicamente os preços de produtos importantes para a população, alegando o aumento da procura e também forçando que exista um desabastecimento para justificar suas práticas desonestas em favor do lucro próprio. Numa crise capitalista e de saúde que é o caso do Covid-19 fica praticamente impossível que apenas órgãos como o Procon possam fiscalizar e autuar estabelecimentos que estejam se aproveitando do sofrimento do povo, afinal é algo que se alastra em todo o país, não somente em grandes centros urbanos.
Por isso a necessidade de criar os comitês anti-especulação. Uma das 32 medidas apresentadas pelo PCO para combater a crise capitalista e do Coronavírus é justamente esta, ninguém melhor que o povo que conhece os estabelecimentos na sua cidade, no seu bairro, para fiscalizar de perto as práticas abusivas de comerciantes e empresas. A população trabalhadora deve se organizar para que não sejam vítimas do capitalismo até mesmo em momentos tão difíceis. O poder do povo de se organizar deve ser elevado ao máximo neste momento, já que a população pobre não recebeu do governo nenhum plano para combater a crise, nenhum plano pensado exclusivamente para a grande maioria da classe trabalhadora. A organização popular é necessária para a derrubada do governo golpista e que seja feito um governo dos trabalhadores que atenda as necessidades daqueles que mais precisam, seja em momentos de crise ou não.