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Antônio Eduardo Alves

Fascismo e anifascismo

Mas afinal o que seria o Antifa?

Resenha do livro Antifa. O manual antifascista, de Mark Bray, Parte I

Quando dos protestos contra o assassinato de George Floyd, em Minneapolis, o presidente norte-americano, Donald Trump acuado pelas manifestações que generalizavam no território americano, lançou acusações contra os Antifas, apresentados como terroristas.

No Brasil, após as torcidas organizadas colocarem para correr os apoiadores de Bolsonaro, na avenida Paulista no dia 31 de maio, o presidente Bolsonaro, após replicar mensagem eletrônica de Trump, também acusou os Antifas de marginais e baderneiros.

Mas afinal o que seria o Antifa? A resposta mais simples é que Antifa é a abreviatura do movimento antifascista, e que esse movimento tem uma construção histórica, que remete a luta contra os partidos e movimentos fascistas dos anos 1920. Para discutir os contornos dessa luta antifascista no passado e na atualidade, vamos resenhar o livro Antifa. O manual antifascista, do norte americano Mark Bray, que se reivindica anarquista e teve uma participação destacada no movimento Occupy Wall Street em 2011.

A importância dessa discussão no Brasil é evidente, uma vez que temos um governo surgido de um golpe de Estado, e que apoia e se apoia em movimentos de extrema direita com características fascistas. Neste contexto, analisar o que foi ( e o que é) fascismo não é simplesmente uma discussão sobre um tema de um passado remoto, mas diz respeito a uma necessidade premente.

Além do mais, proliferam lives, em especial com professores universitários “marxianos” da esquerda pequeno burguesa, em que o fascismo é dissecado em diversos ângulos, mais no fundo as “analises” estão mais confundindo do que efetivamente esclarecendo qualquer coisa.

Em geral, a esquerda brasileira tem condenado as ações de enfrentamento contra a extrema direita e a PM dos antifascistas. Para essa esquerda bien pensante atrelada as instituições do regime político, a luta nas ruas contra os fascistas é classificada pejorativamente como uma ação de “infiltrados”. Ao mesmo tempo, como é chic ser Antifa, sobretudo depois de Minneapolis, a esquerda pequeno burguesa tem colocado como logo nas redes sociais a denominação antifascista.

O que foram os regimes fascistas?

No prefacio da edição brasileira, Acácio Augusto e Matheus Matestoni ressaltam que um livro sobre a luta contra o fascismo não pode ser neutro, e apresenta a luta antifa como “ um conjunto de práticas e saberes que, ao se lançar em ação direta contra toda e qualquer pessoa grupo, conduta ou ação que remete ao fascismo( numa concepção atualizada do termo)”.

O livro de Mark Bray antes de expor sobre o movimento antifascista apresenta uma discussão sobre o que seria o fascismo, aborda a sua história no capitulo 1 No Pasarán!: O Antifascismo até 1945, pois seguindo o pesquisador Angelo Tasca “ para entender o fascismo devemos escrever sua história”.

Dessa forma, é discorrido sobre a crise europeia do século XX, com destaque para a I Guerra Mundial e a formação dos regimes da extrema direita. É abordado o surgimento do movimento fascista na Itália, com a chegada de Mussolini ao poder, após a Marcha sobre Roma, no final de outubro de 1922. Destaque para o processo de transformação do movimento fascista no Partito Nazionale Fascista, posteriormente a constituição do governo de coalizão constitucional e finalmente em 1926, o estabelecimento da ditadura fascista.

Além do fascismo italiano, como não poderia deixar ser, é abordada a ascensão do nazismo alemão.

“ Hitler também reinventou a política de direita através da violência. As tropas de choque nazistas(abreviação de Nationalzialistische) não apenas imitaram os camisas negras de Mussolini usando suas distintivas camisas marrons, mas também combinavam com a brutalidade de suas contrapartes italianas” p.74

Para o autor

“O fascismo é entendido como um movimento trans-histórico de práticas de extrema-direita que combinam o nacionalismo, supremacia branca e misoginia.” Citando Robert Paxton os fascistas “rejeitam qualquer valor universal que não seja o sucesso dos povos escolhidos em uma luta darwiniana pela primazia” p.31

A descrição da ascensão do fascismo e do nazismo no texto de Mark Bray tem o mérito de demostrar com as classes dominantes (ele denomina de elite), em especial os latifundiários na Itália rural e os industriais na Itália e na Alemanha apoiam de maneira decisiva a extrema direita.

O uso da força bruta pelos camisas pretas na Itália e os camisas marrons na Alemanha serviram como intimidação da população, mas os setores tradicionais de comando no regime político escancaram as portas do poder para a escória da extrema direita. Um outro ponto relevante, foi a confusão da esquerda, que não conseguiu a unidade necessária para evitar a vitória dos fascistas.

Não obstante estes pontos corretos, de uma maneira geral, Mark Bray comete o erro comum dos analistas sobre o fascismo. A análise aponta diversas características dos movimentos e regimes da extrema direita, mas não destaca  os objetivos centrais da burguesia ao apoiá-los.

O fascismo é a utilização dos métodos da guerra civil contra os trabalhadores. Como Leon Trotsky demostrou o fascismo pretende eliminar os elementos da “democracia operaria” no Estado burguês. Por isso, o desmantelamento das organizações dos trabalhadores pelos movimentos fascistas e depois como parte fundamental do regime ditatorial estabelecido pelos fascistas.

Na próxima semana, na segunda parte dessa resenha, abordaremos os movimentos antifascistas.

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