Por mais que a Rede Globo de Televisão já esteja vinculada a todo tipo de operação suja e golpista contra a população — golpe militar de 1964, golpe de 2016, prisão de Lula etc. —, é comum que seus atores e funcionários sejam utilizados para campanhas que visam à demagogia junto à esquerda pequeno-burguesa. Em 2017, por exemplo, um vídeo supostamente em defesa da Amazônia contra a política do governo Temer foi organizado por vários elementos ligado à Família Marinho, em uma tentativa de esboçar uma frente ampla que arrefecesse a polarização política.
Uma das pessoas que estava presente naquela campanha é a atriz Mariana Ximenes, conhecida particularmente por sua atuação nas telenovelas da Rede Globo. Nessa semana, Ximenes voltou a causar bastante repercussão, novamente em meio a uma campanha supostamente progressista: em nome da luta contra o sexismo e o machismo, a atriz resolveu encabeçar uma campanha contra o uso do termo tomara que caia.
A campanha, que está sendo promovida pela empresa Hering e pela revista Bazaar, é justificada por Mariana Ximenes da seguinte maneira:
Por que não abolir este termo tomara que caia? Por que tem de cair? Qual é intensão machista? Então, a partir de agora, vamos pensar em blusa sem alça.
(…) Com maior orgulho, eu aceitei o convite para falar de respeito à mulher. A partir de agora, vamos pensar em todos esses termos machistas e sexistas”, acrescentou a atriz na rede social da publicação.
Não é por acaso, obviamente, que a Hering e a Bazaar resolveram lançar essa campanha nesse momento. Em poucos dias, será celebrado o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, de modo que a campanha contra o tomara que caia veio para que a atriz global fosse a porta-voz de uma iniciativa puramente demagógica por parte de seus patrocinadores. Hering e Bazaar são empresas capitalistas e, como tal, visam primordialmente o lucro — no cálculo de seus patrões, uma propaganda em “defesa da mulher” nesse período poderia facilmente se transformar em cifras para os seus cofres.
O problema da campanha é que, além de ser uma iniciativa tipicamente vigarista por parte da Hering e da Bazaar, que se propõem a fazer demagogia com a luta das mulheres, ela é absolutamente ridícula. Se levada à sério, o leitor da Bazaar e o cliente da Hering chegariam à conclusão de que a luta que as mulheres precisariam travar para terem direitos iguais na sociedade capitalista seria uma luta contra as palavras…
Nesse sentido, uma mulher que é tratada como lixo pela sociedade capitalista, que recebe um salário inferior em praticamente todas as áreas de trabalho, que é obrigada a trabalhar por um quarto expediente em casa para cumprir as tarefas domésticas e que é obrigada a parir mesmo contra sua vontade por causa da campanha moralista do aborto promovida pela Igreja Católica, teria descoberto seu grande inimigo: a expressão machista e sexista “tomara que caia”. Não seriam seus algozes, portanto, os capitalistas — incluso aqui os donos da Hering —, maiores interessados em explorar as mulheres, mas simplesmente todos aqueles que, por um descuido, falasse a palavra proibida: tomara que caia!