Na quinta-feira (5), completou-se 5 anos do rompimento da barragem de Mariana, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, em Minas Gerais. Rompimento este que foi considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história do Brasil e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos.
A primeira notícia na época era que duas barragens haviam rompido, a barragem de rejeitos denominada Fundão e outra denominada Santarém. No entanto, alguns dias após o desastre, a mineradora responsável pelo empreendimento, a Samarco Mineração S.A., retirou o nome de Santarém, deixando apenas a barragem de Fundão como sendo a única a ter se rompido, informando que esta provocou o desastre causado pelo vazamento de rejeitos que passou por cima da barragem de Santarém. O fato é, foram 62 milhões de metros cúbicos de rejeito provenientes da extração de minério de ferro que a Samarco, juntamente com as empresas Vale S.A. e Anglo-australiana BHP Billiton, haviam construído.
Esse desastre criminoso causado pelos descasos da política de fiscalização do empreendimento do rejeito, levou as empresas responsáveis a pagarem uma série de multas de reabilitação do local, que não só trouxeram prejuízos socioeconômicos e ambientais gravíssimos, mas provocou uma série de mortes de moradores locais e trabalhadores, uma dívida irreparável a diversas famílias.
As empresas receberam um prazo de restituição até março de 2019, que não foi concluído e foi prorrogado para agosto de 2020, que mais uma vez, não cumpriu o combinado. Por conta desses atrasos e repetidos pedidos de prorrogação e mais os descasos das empresas, as pessoas que foram prejudicadas e atingidas pelo rompimento desastroso/criminoso, escreveram e divulgaram uma carta-denúncia sobre os descasos dessas empresas na restituição acordada por lei. Nessa carta, eles alegam que nenhum movimento foi feito para construção de casas destruídas pelo ocorrido, nem mesmo a infraestrutura do local foi ressarcido. Nenhum cronograma foi entregue, apenas mais prorrogações (o terceiro para fevereiro de 2021). Além de denunciarem as alterações feitas nos projetos, como na compra de imóveis, recusa na possibilidade de execução de obras, diminuição do tamanho dos terrenos, etc.
É preciso uma mobilização para que essa carta-denúncia tenha o peso que deveria ter e essas empresas paguem por seus crimes e pelos desastres imensuráveis que causaram. São empresas multimilionárias alegando o direito à moradia e vida digna para os trabalhadores. Não pode passar desassistido.
Lembramos aqui que a mineradora Samarco, na época do desastre, era controlada pela empresa brasileira Vale S.A., que foi dada a preço de banana pelo tucano e ex-presidente entreguista da República, Fernando Henrique Cardoso, que desde então acumula diversos desastres econômicos, sociais e ambientais, um dos maiores crimes contra o país, com participação direta de José Serra, que era na época o Ministro do Planejamento em seu governo.
Sua venda foi feita por R$ 3,3 bilhões enquanto apenas suas reservas minerais já lucravam mais de R$ 100 bilhões à época, com a desculpa hoje desmentida de que era um investimento para pagamento de parte das dívidas públicas, atropelando todas as reivindicações populares, manifestações e plebiscitos, deixando a sua população sem emprego ou algum tipo de beneficiamento, prejudicando inclusive a industrialização brasileira, que hoje segue um desastre e periga uma continuação da série de desindustrializações através do governo golpista de Jair Bolsonaro.
A mobilização por justiça e o aumento das denúncias ao descaso dos governos de direita que destroem o país e entregam suas riquezas aos países imperialistas deve ser feita com caráter de urgência, pois não acaba só com o meio ambiente, como mata diretamente os brasileiros, seja de miséria, na tomada de seus direitos ou por meio de politicagem suja, descumprimento de leis e “acidentes” com barragens, como já se repetiu.