No dia 07 de outubro de 2019, na cidade de Alegrete, município do estado do Rio Grande do Sul, os trabalhadores foram pegos de surpresa quando chegaram para trabalhar.
Ao chegarem nas instalações do frigorífico os funcionários foram avisados de que no setor onde se encontram os cilindros de Amônia seria feita a troca de uma válvula que não estava funcionando adequadamente, porém, os responsáveis, encarregados, gerentes, fizeram com que os trabalhadores realizassem o trabalho do turno normalmente, a partir das 18h00. Neste período, funciona o carregamento e a higienização.
Com a troca da válvula houve vazamento do gás Amônia e os trabalhadores começaram a sentir os seus efeitos, um dos funcionários do frigorífico, do setor de higienização teve que ser socorrido e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada nas proximidades.
Sabedores de que tais tipos de manutenção devem ser realizados quando não estiverem ninguém nas proximidades, devido ao alto risco, tanto de vazamento quanto de explosão, os donos dos frigoríficos através dos diretores, gerentes, encarregados, etc., não deram a mínima atenção aos seus funcionários, que são tratados como um objeto qualquer, que usa se e joga fora como e quando quiserem.
Nunca é demais salientar que o gás amônia, mesmo quando se elabora um projeto, dos mais perfeito que se possa imaginar, mesmo nessas condições, é passível de vazamento, e nos frigoríficos a possibilidade é ainda maior. E a primeira coisa a se fazer, mas nunca acontece, é o esvaziamento da fábrica, principalmente porque p vazamento nunca é em pequena proporção.
Em vários casos os Bombeiros tiveram que isolar quarteirões, como o que ocorreu em Belho Horizonte (MG), neste ano, não só trabalhadores tiveram que ser socorridos, como vizinhos de bairros próximos que também foram hospitalizados.
O odor do amônia é insuportável, a névoa, quando do vazamento e contato com o ar é densa e os estragos devido ao contato com a pele, olhos, e ingestão pelo ser humano são irreparáveis, podendo até matar.
No caso do frigorífico do grupo Marfrig de Alegrete, no dia seguinte, os trabalhadores do setor de carregamento pararam as atividades por várias vezes até decidirem encerrar as atividades, porém, desta vez não foi para efetuar nenhuma troca, mas por outro motivo.
Os frigoríficos estão em primeiro lugar em acidente de trabalho, contudo, as catástrofes ocasionadas pelos vazamentos de amônia ficam no esquecimento.
Segundo pesquisas, este setor chega a mais de 37% dos acidentes e doenças de trabalho, ou seja, esse setor de produção sozinho corresponde a quase dois quintos dos acidentes e doenças no país, diante de milhares de outros setores de produção, podendo ser ainda maior se efetivamente forem registrados os casos envolvendo o gás amônia. Quer dizer, os patrões montaram uma verdadeira máquina de destruição de trabalhadores.