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As polêmicas do futebol

Maradona: a morte do ídolo do futebol argentino

A morte de Maradona despertou o ódio da classe média ao futebol brasileiro e a Pelé

Mais um grande jogador de futebol deixou o mundo. Nessa quarta-feira, dia 25, aos 60 anos, Diego Armando Maradona não resistiu a problemas respiratórios e faleceu. Os argentinos se despediram do ex-jogador em um velório na Casa Rosada, sede do governo, que contou com a visita de centenas de milhares de pessoas que foram até lá prestar sua última homenagem ao ídolo do futebol.

A morte do jogador, que com certeza faz parte do seleto grupo de craques do futebol, poderia dar lugar apenas a uma justa homenagem. O maior ídolo argentino, responsável por vencer a segunda das duas Copas vencidas pelo país, mereceria uma despedida e as homenagens de seus fãs como qualquer ídolo que morre.

Mas nada é tão simples do que poderia ser à primeira vista. Diante da notícia da morte de Maradona, começou a aparecer um sem número de matérias na imprensa – de esquerda e de direita – e comentários nas redes sociais atacando o futebol brasileiro e Pelé, maior jogador de todos os tempos. Somos obrigados, assim, a entrar na polêmica levantada por aqueles que tanto falam em moralidade, em “dar o exemplo”, em “ter um comportamento exemplar” e usam a morte de uma pessoa para fazer politicagem contra o povo brasileiro.

O maior jogador argentino

Para o povo argentino Maradona é um ídolo. O jogador foi o responsável pela vitória na Copa de 1986 no México, a segunda de sua Seleção. Pertencente a uma geração em que o futebol começou a se tornar mais acabadamente um grande negócio de marketing, foi o jogador argentino que mais se destacou.

Talvez a Argentina possa ter tido jogadores mais habilidosos que ele nos momentos heróicos do futebol, muito difícil afirmar coisas assim categoricamente. Mas nada disso importa, pela sua importância e pela sua habilidade, Diego Maradona é, justiça seja feita, o grande craque argentino. Representante do futebol sul-americano, o melhor do mundo, Maradona é dono de um estilo que conseguiu absorver aquilo que havia sido criado pela gerações anteriores, em particular pelo futebol arte brasileiro. Prova disso é que seu maior ídolo é o brasileiro Roberto Rivelino, tri campeão mundial pela Seleção Brasileira em 1970. Maradona só é Maradona porque é dono de um estilo parecido com aquilo que foi criado pelos mestres do futebol.

De onde vem a exaltação a Maradona?

Como todos os fenômenos, o futebol tem o seu desenvolvimento. Começa com um período heróico, passa por uma período de consolidação e depois de afirmação como o esporte mais popular do mundo. A burguesia, em particular o imperialismo, conforme o fenômeno se desenvolve como grande manifestação popular em todo o mundo, procura controlar o esporte em busca dos lucros advindos dele.

A geração de Maradona, que desponta nos anos 80, é a primeira em que o imperialismo consegue transformar o futebol de maneira mais acabada em um grande negócio. É o início do que se convencionou chamar hoje de futebol moderno.

Esse futebol moderno é produto dos anos de consolidação do neoliberalismo no mundo. Um período de aprofundamento da crise capitalista e portanto de maior parasitismo. Também é característica desse período a entrada da propaganda mais agressiva, o chamado “marketing”. Maradona é produto dessa época.

Sua fama como grande jogador aparece para o mundo em primeiro lugar como um jogada de marketing de seu clube na Europa, o Napoli na Itália. Naquele momento, sendo o maior jogador do clube, e como forma de promover o futebol italiano e europeu, Maradona foi produto de uma grande jogada de propaganda.

Parte da propaganda de exaltação de Maradona consistia em compara-lo com o maior jogador de todos os tempos: o brasileiro Pelé. Afinal, nada melhor do que a comparação com o melhor para promover um jogador. Para quem tem alguma dificuldade de entender tal movimento, basta olhar para os dias de hoje. A todo momento a imprensa capitalista procura um substituto para Pelé. Não que qualquer uma dessa comparação tenha alguma fundamentação na realidade, mas ela serve como jogada de marketing para promover e valorizar determinado jogador.

Esse é o movimento que torna Maradona uma lenda no futebol, em particular na Itália.

Quando Maradona dá o título mundial para a Argentina ele já é um jogador conhecido e exaltado.

Pelé e Maradona

Antes de mais nada é preciso dizer que não há fundamento em tal comparação. Maradona, embora seja um craque de bola e esteja entre os grandes craque que o mundo já viu, não se encontra, porém, entre os gênios do futebol, aqueles pelos quais se medem as eras do esporte, entre estes, o rei é Pelé.

A comparação, completamente indevida, é produto em primeiro lugar de uma jogada de marketing. A oposição entre o futebol brasileiro e Pelé e Maradona é uma consequência dessa jogada de propaganda.

A política central do imperialismo no futebol é o ataque ao futebol brasileiro. Tal situação deriva do fato de que o domínio do futebol arte brasileiro só pode ser parado por meio de artifícios externos ao futebol. A desmoralização dos craques brasileiros é um desses artifícios.

O imperialismo percebeu que incentivar uma oposição entre Pelé e Maradona seria uma maneira eficiente de atacar o futebol brasileiro. A partir daí, impulsionaram a comparação que já havia sido feita como mera jogada de marketing.

Nada melhor do que um outro sul americano, com um estilo de futebol próximo ao dos brasileiros, para procurar mostrar ao mundo que Pelé, o negro brasileiro que se tornou rei do futebol, não era o melhor e portanto o futebol brasileiro não era o melhor. Foi o imperialismo, portanto, que impulsionou a oposição entre o jogador Maradona e o gênio Pelé.

O esquerdismo de Maradona

A esquerda pequeno-burguesa aproveitou a morte de Maradona para atacar Pelé. O pretexto seria o de que Pelé é de direita e Maradona é de esquerda. Em primeiro lugar é preciso explicar algo que deveria ser óbvio. O jogador de futebol deve ser analisado pelo seu futebol, não pela sua ideologia. Se não fosse assim, não poderíamos elogiar nenhum jogador e até mesmo a maioria dos artistas deveriam ser excluídos, por mais importantes que sejam suas obras.

A esquerda pequeno-burguesa não entende a coisa assim: as posições políticas devem interferir no futebol. E assim, contrariando o óbvio da mesma maneira que os bolsonaristas contrariam que a Terra é redonda, a esquerda afirma que Maradona é melhor do que Pelé.

Mas mesmo uma análise das posições de Maradona deve ser feita de maneira fria. Inegavelmente Maradona apresentou, principalmente na fase final de sua vida, uma simpatia pelos governos nacionalistas burgueses de esquerda da América Latina e uma simpatia a Che Guevara e Fidel Castro. Na Argentina, Maradona esteve com o peronismo, uma corrente política bastante heterogênea. Não há dúvida que ele seja uma pessoa de mentalidade genericamente progressista, mas desse fato, transformar Maradona em um revolucionário, uma grande figura política, é simplesmente inventar coisas que não existem.

Os elogios ao esquerdismo de Maradona são meramente propaganda. São, em última instância, propaganda eleitoral. Para a classe operária e o desenvolvimento de sua luta, esse esquerdismo não acrescente em muito, afinal, Maradona não é um político, mas um jogador, e nem trabalhava ativamente neste sentido político.

No final das contas, Maradona tem suas virtudes e defeitos como qualquer jogador, em particular os sul americanos, que vieram das camadas mais pobres e simples do povo.

A classe média e seu ódio ao futebol brasileiro

As posições da esquerda pequeno-burguesa atacando o futebol brasileiro mais uma vez revelam que sua mentalidade é tipicamente de classe média, colonizada pelo imperialismo. A pequena burguesia tem verdadeiro asco do povo e portanto do futebol e seus jogadores, todos eles vindos das camadas mais pobres da população. Pelé, nesse sentido, é a própria representação do povo brasileiro: negro, pobre e uma pessoa que não teve as oportunidades dos “cultos” da classe média, formada pela revista Veja, pela Folha de S. Paulo e a rede Globo.

Pelé, o atleta do milênio, o maior atleta da história brasileira, um dos maiores da história, e com certeza um dos que mais abriu caminho para o negro no mundo da bola, neste caso, não pela ideologia, mas pela prática, não tem sossego entre a esquerda. Para um oprimido como o brasileiro, não adianta só ganhar o jogo, fazer história, tem de estar de acordo com os ditames morais e político da classe média e da imprensa. Se fosse assim a França renegaria seus expressionistas, os americanos jogariam no lixo a música negra, não sobraria nada de ninguém. Maradona, infelizmente, serviu de arma para atacar Pelé, o craque para atacar um gigante, a Argentina pode e deve fazer seus cumprimentos ao seu grande esportista, mas a imprensa a pequena e grande burguesia não podem usar disso para pisotear o futebol brasileiro.

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