No último dia 23, Manuela D’Ávila, a deputada gaúcha que foi lançada pelo PC do B como pré-candidata à Presidência da República em 2018, veio ao Estado de Pernambuco fazer campanha eleitoral. O PC do B, que foi o partido que lançou a palavra de ordem de “novas eleições” quando Dilma ainda era presidenta do país – capitulando vergonhosamente diante do golpe -, também foi o primeiro partido de esquerda a lançar um pré-candidato para concorrer com o ex-presidente Lula.
A pré-candidatura de Manuela D’Ávila não trará nenhuma contribuição à luta contra o golpe – na verdade, confunde ainda mais a esquerda diante da luta contra a prisão de Lula. Nenhuma candidatura existe para “enriquecer o debate”. Afinal, os altos índices de intenção de voto em Lula não se justificam pelos “debates” em que ele participa, mas sim pelo fato de ele expressar uma revolta de uma enorme parcela da população contra o governo golpista.
Se Manuela D’Ávila tivesse interesse, de fato, em apoiar a luta contra a prisão de Lula, a última coisa que ela faria seria lançar uma pré-candidatura à Presidência. A luta contra a prisão de Lula não terá nenhum sucesso se for dada apenas nos discursos – é necessária uma mobilização real, com objetivos claros e concretos. Não se pode aceitar que as eleições de 2018 sejam apenas um episódio da “democracia brasileira”: há um golpe de Estado se aprofundando e que tem, na mobilização contra a prisão de Lula, o seu maior obstáculo.
Mais uma prova de que Manuela D’Ávila não tem nenhum interesse em defender o maior líder popular do país foi a sua vinda a Recife. Manuela não veio lançar nenhum comitê em defesa de Lula. Também não veio orientar o PC do B a participarem ativamente da campanha contra a prisão de Lula. A única coisa que ela fez foi se encontrar com o governador golpista Paulo Câmara e o prefeito golpista Geraldo Julio – ambos membros da Executiva Nacional do PSB -, se reunir com empresários e participar de um “Encontro com Manu”. Isto é, a única preocupação de “Manu” é a quantidade de votos que terá numa possível eleição em 2018.
Assim como Ciro Gomes, as intenções direitistas de Manuela D’Ávila vão ficando mais claras. A classe trabalhadora não pode depositar um pingo de confiança em tais carreiristas. Para uma real luta contra o golpe, é necessário criar comitês de luta contra o golpe, que reúna todos os atingidos pelo golpe.