A ex-candidata à vice-presidência na chapa do petista Fernando Haddad, Manuela D’Ávila, do PCdoB, acabou sendo envolvida na história dos chamados “hackers” apresentados pela direita como supostos responsáveis pela invasão de celulares de autoridades brasileiras. Na sexta-feira (26), Walter Delgatti, apontado como um dos supostos “hackers”, afirmou que Manuela D’Ávila teria sido intermediária para um contato com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil.
Diante dessa declaração e de sua divulgação através da imprensa, Manuela D’Ávila publicou uma nota à imprensa. A ex-deputada do Rio Grande do Sul esclareceu que de fato recebeu mensagens sobre o material e seu teor, e que teria então repassado à fonte o contato do jornalista do Intercept. Apesar da confirmação de Manuela sobre esse episódio, no entanto, a história apresentada sobre os supostos “hackers” continua sendo uma história estranha e que precisaria de outros dados que a confirmassem. Manuela deixou claro não conhecer a identidade de quem teria entrado em contato com ela, e moraria no exterior, o que não se encaixaria com o caso dos que estão detidos. Em qualquer caso, chamou atenção outro aspecto da nota de Manuela D’Ávila.
Sem que houvesse nenhum mandado ou investigação, a ex-candidata apressou-se em disponibilizar tudo para a Polícia Federal, oferecendo cooperação com a polícia e livre acesso às mensagens de seu aparelho celular. Ela conclui sua nota da seguinte forma: “Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial”.
Deve-se dizer neste caso que entregar o “hacker” ou entregar informações para a polícia sem sequer haver uma ordem judicial é um erro. Não se deve “colaborar” com a polícia dessa forma. Deve-se lembrar que esse tipo de “colaboração” pode acabar mal. Entregando-se, por exemplo, um celular para a PF, podem “aparecer” outras coisas no celular.
Os crimes do ministro Sérgio Moro quando era juiz são muito piores do que os supostos crimes dos chamados “hackers”. Além disso, deve-se lembrar que os crimes de Moro foram crimes que partiram do próprio Estado, o que torna o Estado criminoso e suspende direitos de toda a população. Enquanto os alegados crimes dos hackers seriam no máximo crimes contra determinadas autoridades, de alcance muito menor e de pouca importância diante das denúncias apresentadas contra Moro.