Manobra: Cabo Daciolo pode dividir votos da extrema-direita em favor de Alckmin

Sem votos e sem popularidade, a direita busca, desesperadamente, uma forma de se viabilizar nas eleições gerais que se avizinham. Representada nestas eleições pela candidatura tucana do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin – conhecido no submundo da corrupção como o “Santo da Odebrecht”, ou se preferirem, como o homem que chefiava o esquema que desviava a merenda escolar das crianças paulistas – a desidratada direita, seus defensores ideológicos, apoiadores e aliados fisiológicos de ocasião e conveniência irão recorrer a todos os meios para tornar o insosso “picolé de chuchu” palatável aos olhos da população.

A incapacidade visceral do consórcio golpista em apresentar uma alternativa econômica que pudesse oferecer alguma sustentação material ao golpe, fez voar pelos ares todos os elementos da política nacional identificados com o golpismo. Neste cenário, os caciques tucanos e seus asseclas aparecem como os expoentes principais da operação golpista, tanto nas articulações que levaram ao afastamento do governo eleito, como em sua etapa posterior.

A mafia tucana parlamentar deixou sua marca indelével em todos os principais momentos de ataque à soberania do país e às condições de vida da população pobre e explorada, materializada no acervo de medidas profundamente impopulares (EC nº 95, lei da terceirização, reforma trabalhista, privatizações, entrega do pré-sal etc.) aprovadas no congresso nacional corrupto, por iniciativa dos golpistas, apoiados pela base congressual do PSDB.

Buscando um conveniente afastamento do moribundo governo golpista do usurpador Michel Temer, receosos de terem a imagem tucana vinculada a um presidente completamente impopular e desmoralizado diante do conjunto da população, o que seria desastroso do ponto de vista eleitoral, o comando tucano se esforça em contorcionismos para encontrar uma saída que faça a raquítica candidatura do ex-governador alçar voo, ganhar musculatura, o que até o momento não aconteceu, não decolou.

No entanto, na semana em que se encerrava o prazo legal da justiça eleitoral para a realização das convenções partidárias, os tucanos anunciaram uma grande aliança costurada com o chamado “Centrão” (leia-se direita golpista), ajuntamento de mafiosos profissionais com assento no parlamento, que se juntaram ao candidato direitista Geraldo Alckmin, conformando um bloco de coloração nitidamente direitista, conservador e reacionário, composto pelos elementos mais notoriamente fascistóides, os mesmos que participaram da articulação congressual golpista que derrubou a presidente petista eleita.

Embora não haja neste momento um posicionamento hegemônico claro da burguesia no apoio à candidatura de Alckmin, um importante setor desta já declarou seu apoio ao ex-governador tucano. Um ouro setor, cético em relação ao crescimento do candidato do PSDB, flerta com a extrema-direita, já tendo manifestado apoio ao candidato nazi-fascista Jair Bolsonaro (PSL). O ex-capitão do Exército foi ovacionado em recente evento promovido por uma entidade representante do empresariado nacional, onde estiveram presentes os principais candidatos à presidência da república.

As manobras para fazer do impopular, raquítico e desidratado candidato Alckmin o próximo presidente da república já estão em curso e vão desde a manipulação das pesquisas eleitorais, passando pela ocultação das inúmeras denúncias de corrupção e assalto aos cofres públicos do tesouro paulista, indo até a estratégia da divisão de votos entre os representantes da extrema-direita nas eleições (Bolsonaro e Cabo Daciolo), o que, em tese, poderia favorecer o candidato tucano.

Trata-se de uma velha e conhecida manobra da direita para potencializar e fazer decolar candidaturas totalmente impopulares e sem qualquer apelo entre as massas e ao conjunto da população, como é o caso da candidatura do ex-governador paulista, que nunca sequer chegou aos dois dígitos nas intenções de voto em todas as pesquisas realizadas por todos os institutos, inclusive aqueles diretamente controlados pela burguesia e a direita.

É indisfarçável o esforço da burguesia e do bloco golpista para fazer do candidato do PSDB a alternativa “democrática” viável, de centro, em oposição ao “radicalismo” de direita (Bolsonaro) e de esquerda (Lula e o PT). Alckmin torna-se assim, o candidato oficial do golpismo, do conservadorismo e do reacionarismo mais retrógrado, apoiado por tudo o que há de pior e mais apodrecido na política nacional.

Neste cenário de manobras, golpes e velhacarias, a única saída para as massas sofridas e o conjunto da população que sente diretamente na carne os efeitos do golpe, é a mobilização em torno à candidatura do ex-presidente Lula, que representa a luta e os anseios de milhões de trabalhadores da cidade e do campo, da juventude, dos negros, das mulheres, do movimento operário e popular. O imperialismo, seus representantes nacionais e a burguesia irão manobrar não só no sentido de impedir, a todo custo, a candidatura do ex-presidente, mas já estão trabalhando ativamente para fazer dos golpistas enfileirados na candidatura tucana os próximos algozes dos trabalhadores, os mesmos que darão sequência e levarão adiante os ataques do grande capital contra as massas, a liquidação dos direitos e conquistas da população e a destruição econômica do país.

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