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Para salvar os bancos

Capitalistas organizam transição para o fim da quarentena

Em todo o mundo, os capitalistas estão forçando a flexibilização da quarentena. No Brasil, ao que parece, chegou ao fim a campanha do imperialismo em defesa do ministro Mandetta.

No dia de ontem (15), ressurgiu, na imprensa burguesa, o boato de que o atual ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, estaria prestes a ser demitido. As informações seriam a de que o presidente ilegítimo iria anunciar em breve a sua saída do governo e de que o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, teria deixado o cargo em solidariedade ao ministro.

Essa não é a primeira vez que veio à tona a notícia de os dias de Mandetta no Ministério da Saúde teriam chegado ao fim. No dia 6 de abril, o jornal O Globo já havia decretado o término da Era Mandetta. No entanto, em meio a uma série de disputas no interior do governo, moderadas pela alta cúpula das Forças Armadas, o ministro permaneceu de pé.

A situação, no entanto, agora é diferente. Na primeira vez em que o boato foi espalhado, a burguesia, que defendia a permanência do ministro da Saúde, organizou, rapidamente, uma campanha pelo Fica Mandetta. A campanha, que teve enorme repercussão nas redes sociais, acabou recebendo apoio, até mesmo, de setores da esquerda nacional, Agora, não há qualquer campanha nesse sentido. A própria maneira como a imprensa vem tratando mostra pouca comoção com a demissão daquele que, há poucos dias, era pintado de herói nacional. A que se deve a essa mudança de posição?

A falta de apelo por parte da burguesia para que Luiz Henrique Mandetta não seja demitido por Bolsonaro é a comprovação de que a campanha que procurava mostrar o ministro como um grande herói nacional, acima da direita e da esquerda, defensor da ciência e preocupado com os brasileiros, era uma completa farsa. Se um dia a burguesia foi a favor da permanência de Mandetta, isso nunca se deveu a seu suposto compromisso com os interesses da população, mas sim porque o ministro era estava conseguindo aplicar, de maneira relativamente eficiente, o programa da direita para a pandemia de coronavírus.

E qual é esse programa? É, sem qualquer exagero, a entrega de todos os recursos que o Estado dispõe para as mãos dos capitalistas, de modo a salvar os bancos da falência. E isso, convenhamos, Mandetta soube fazer com êxito: até agora, o Ministério da Saúde não propôs uma única medida séria para testar a população, se negou a construir hospitais, a expropriar os sanguessugas da indústria farmacêutica e a distribuir medicamentos e máscaras para a população. Tudo, como é óbvio, com o interesse de poupar os cofres do Estado para as aventuras capitalistas.

Se Mandetta teve sucesso em aplicar a política da burguesia, isso também se deve a outro fator. A orientação dada pelo imperialismo, incluindo aí a Organização Mundial de Saúde (OMS), havia sido a de estabelecer o isolamento social (quarentena) em todos os lugares onde a pandemia apresentasse um potencial de desenvolvimento. Assim, criaram-se as condições para que o Estado aprofundasse o seu aparato de repressão — vide as práticas criminosas do governo de João Doria (PSDB-SP) —, enquanto se eximia de prover qualquer assistência à população. Ou seja, ao invés de combater o coronavírus, Mandetta, como um representante legítimo do imperialismo, se colocou na condição de administrador da crise, permitindo que o regime político se organizasse para combater, não mais uma doença, mas sim a explosão social cada vez mais iminente.

Não foi essa a orientação que o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro queria seguir, em um primeiro momento, uma vez que sua base social, composta por elementos de uma burguesia média, do chamado baixo clero, não queriam que os portões de suas lojas fechassem por um único instante. Por isso, Mandetta teve um papel essencial para a sobrevivência do regime político, estabelecendo uma falsa polarização entre o isolamento horizontal e o isolamento vertical, que representavam duas faces da mesma política genocida da burguesia de negligenciar a gravidade da pandemia.

Passado já mais de um mês do anúncio da OMS de que o coronavírus seria uma pandemia, os capitalistas, agora, procuram encontrar uma forma de liquidar com a falsa polarização. O isolamento social, em todo o mundo, já levou a um estrago monumental em todas as economias do mundo, inclusive nos países imperialistas. Trilhões já foram destinados aos bancos para que não tivessem de fechar suas portes, mas o indicativo de uma crise mais poderosa do que a de 2008 ainda se mantém. Para que se tenha uma ideia do tamanho da crise, o Reino Unido, que é um dos alicerces do imperialismo europeu, poderá sofrer uma retração de 35% neste ano. Por isso, no cálculo dos capitalistas, o isolamento social precisa ser imediatamente flexibilizado, de modo a ser destruído o quanto antes.

Vários movimentos já foram dados nesse sentido. Na Espanha, em que ainda centenas de pessoas estão morrendo por dia, já foram anunciadas algumas medidas para reativar a vida social. De maneira cínica, o governo espanhol usa como pretexto o fato de que o número de mortes teria diminuído — no entanto, de 900 para 400, ´é uma redução que não mostra, sob nenhum aspecto, que a doença está sob controle. O governador de Nova Iorque, por sua vez, também está tomando medidas para flexibilizar o isolamento, sendo que, neste momento, seu estado é, nada menos, que o epicentro da pandemia em todo o mundo.

E é justamente porque os capitalistas encontram um acordo no sentido de acabar com a quarentena que a possível saída do ministro da Saúde já não é mais motivo para uma campanha desesperada por parte da imprensa burguesa. De repente, a direita descobriu que Bolsonaro já não é tão mau em querer acabar com o isolamento social…

Nem Bolsonaro, nem Mandetta representam qualquer perspectiva para a sobrevivência dos trabalhadores. É preciso compreender que, nesse momento, a única coisa que está em jogo, para a burguesia, é encontrar a forma mais suave de operar o fim do isolamento social e, com isso, uma total liberação para que os patrões matem os trabalhadores, seja de fome, seja do coronavírus, seja dos dois. É preciso, portanto, organizar a rebelião contra a política genocida dos capitalistas — é preciso ir às fábricas para organizar comissões de trabalhadores para enfrentarem seus patrões, bem como ir aos bairros para formar conselhos populares que deem conta de garantir, da maneira que for necessária, a sobrevivência de todos os seus moradores.

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