Há um setor da esquerda brasileira que coloca em prática sistematicamente a “política de Jesus Cristo”: quando apanham em uma face, oferecem a outra. A justificativa para este verdadeiro suicídio político é a ideia de que a esquerda seria naturalmente “tolerante”, até gandhiana, diferente da direita, que como sabemos, é composta por uma matilha de cães raivosos. Esta matéria vai discutir os últimos acontecimentos que se encaixam nesta categoria, onde vemos a extrema direita escorraçando um elemento dissidente do seu próprio ninho em ato bolsonarista, no caso Marcelo Madureira, e Maitê Proênça, “ex-bolsonarista”, que desfilou em ato convocado pela esquerda no Rio.
Logicamente que esta esquerda apresenta a coisa de outra forma. Eles afirmam que Maitê seria uma bolsonarista arrependida. Maitê foi casada por doze anos com o notório Paulo Marinho, empresário ligado aos tucanos e que hoje é um destacado bolsonarista. O que estamos vendo no caso de Proença é na realidade mais uma tentativa de limpar um currículo político que é uma verdadeira latrina: em 2002 apoiou Serra contra Lula, apoiou também o impeachment fraudulento de Dilma e em 2018, Maitê mais uma vez escolheu a direita contra o PT, apoiando Bolsonaro. Aproveitando a campanha imperialista contra a Amazônia, Maitê Proença agora quer se apresentar como bolsonarista arrependida, e o pior, conta com o auxílio da esquerda nesta duríssima missão.
Alguns setores mais ingênuos acreditam de fato que Proença é uma bolsonarista arrependida. No entanto, em ato ocorrido no Rio no último domingo, dia 25, Maitê Proença foi um dos elementos contrários à presença do Lula inflável gigante, um tipo de pixuleco da esquerda lulista do Rio, o que denuncia que Maitê é a mesma direitista de sempre, que mantém uma posição pró golpe de Estado. As direções da esquerda que se prestam a este papel, que é o de trocar as fraldas políticas geriátricas e direitistas de Maitê tapam os narizes ao realizar esta tarefa ingrata. Eles estão dispostos a fazer um acordo com a direita bolsonarista, qualquer que seja, para manter suas migalhas políticas.
Se existe um setor de trabalhadores, politicamente confusos, que teria votado em Bolsonaro, em meio à confusão eleitoral, são elementos que em grande parte hoje já querem “beber o sangue” de Bolsonaro, principalmente por que perceberam o quanto foram enganados. Não é nesta categoria que Maitê Proença se enquadra. A súbita febre anti bolsonarista da atriz na realidade é a manutenção de uma política ultra direitista, desta vez mais alinhada ao imperialismo estrangeiro em torno dos ataques à Amazônia.
Já a extrema direita bolsonarista, embora seja muito destacada por suas capacidades cognitivas dignas de uma mula com dificuldades de aprendizagem, ao menos em uma coisa não podem ser criticada: eles têm iniciativa em repelir os elementos que julgam nocivos para a sua mobilização. Conforme destacado no início desta matéria, Marcelo Madureira foi hostilizado em ato direitista no Rio, convocado pelo Vem pra rua. Marcelo criticou Bolsonaro no ato, defendendo a Lava Jato nas recentes crises provocadas entre a operação e o próprio Bolsonaro.
Devemos denunciar a farsa que é este arrependimento bolsonarista vindo de Maitê Proença e de outros elementos direitistas, até porque, como mostramos nesta matéria, a política dela ainda é profundamente direitista: contra a liberdade de Lula e pró imperialista na questão da Amazônia. É uma tentativa de alçar a baixíssima reputação da atriz e de bandear elementos da direita para as manifestações da esquerda, e que portanto deve ser amplamente denunciado e criticado.