Na esteira da tentativa de golpe no Belarus, o Quirguistão é o novo alvo do imperialismo norteamericano. O parlamento quirguiz reuniu-se para avaliar a destituição do presidente do país, Sooronbái Jeenbekov.
Em 5 de outubro, manifestantes opositores ao governo foram às ruas da capital, Bisqueque, incentivados pelos imperialistas, para exigir a repetição das eleições. Prédios públicos, como o parlamento foram tomados. O fato se deu pela derrota acachapante da oposição, que mal conseguiu somar 7% dos votos.
No dia posterior (6), o primeiro-ministro, Kubatbek Boronov, bastante próximo ao presidente Jeenbekov, renunciou e foi substituído por Sadyr Japarov, que foi libertado da prisão pelos “manifestantes”..
Assim como ocorreu na chamada Revolução das Tulipas, que, em 2005, derrubou Askar Akayev, no poder desde 1990, e colocou Kumabek Bakiyev, um fantoche dos Estados Unidos no poder, a manifestão utiliza a mesma tática. O governo é acusado de fraudes e corrupção pela oposição, que tenta um golpe “sem derramamento de sangue”, uma “revolução colorida”.
É necessário ressaltar que a Revolução das Tulipas não acabou com a corrupção. Pelo contrário, apenas trouxe mais instabilidade ao país, onde 2 presidentes foram derrubados em menos de 2 décadas.
O que se tem no Quirguistão é a repetição infindável do mesmo processo que o imperialismo norteamericano vem aplicando no mundo inteiro. O padrão é sempre uma manifestação pós-eleição, acusando-a de fraude, com os manifestantes levantando bandeiras anticorrupção e símbolos nacionais.
Para os brasileiros, é impossível não lembrar dos protestos golpistas do período entre 2015 e 2016. Portanto, tem-se tudo para acreditar que a nova “revolução colorida” no Quirquistão não passa de mais uma intervenção americana em zona de influência de um dos seus principais adversários políticos, a Rússia.
A burguesia internacional sente os impactos da crise de superprodução, inerente ao capitalismo e agravada pela pandemia, e aposta em intensificar as intervenções nos países de capitalismo atrasado para manter tanto sua influência como seu poderio econômico.
Cabe notar que os alvos das intervenções são todos países com riquezas minerais. O Quirguistão tem, como uma das suas maiores fontes de divisas, a exportação de ouro e outros minerais preciosos. Isto é resultado da destruição de toda economia planificada soviética, que apesar dos problemas resultantes da burocracia estalinista, mantinha indústrias em território quirguiz. Sua produção, durante o período soviético, era fortemente construída sobre a produção de manufaturas. Entretanto, com o colapso da União Soviética, a falta de insumos e combustível destruiu a indústria nacional que, agora, vive de produções de menor valor agregado, como produção têxtil, caracterizada pela mão de obra barata e os baixos valores internacionais.
Em resumo, o que ocorre no Quirquistão é mais uma tentativa imperialista de manter o país politicamente instável, tanto de criar uma crise em zona de influência russa, como de ter o controle dos recursos naturais dos países periféricos e, se possível, destruir a economia destes, principalmente para subjugar as burguesias nacionais e impedir o desenvolvimento da classe operária.