Cerca de 30 famílias do acampamento Bela Vista, sob coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), no município de Rio Pardo de Minas, norte de Minas Gerais foram atacadas no dia 18 e tiveram seus bens destruídos e roubados.
Seis pistoleiros em três motos invadiram o acampamento ameaçando as famílias, que tiveram que fugir para o mato, e ficaram no acampamento gritando que os sem-terra deveriam sair da área no dia seguinte com gritos de “vamos matar todo mundo”. Quando as famílias fugiram, os pistoleiros ficaram a vontade no acampamento e atearam fogo nos barracos e nos pertences dos trabalhadores e tudo foi destruído.
As famílias ocupam uma área pertencente ao Estado de Minas Gerais que estava sendo explorada pelo monopólio da Gerdau. A Gerdau tentou na justiça a reintegração de posse da fazenda, mas a fraude na documentação apresentada pela empresa era tamanha que nem a justiça golpista conseguiu emitir a reintegração.
Como os métodos “legais” utilizados não funcionaram, os latifundiários e a direita estão se utilizando das técnicas de violência e intimidação contra os sem-terra na tentativa de expulsá-los do latifúndio ocupado.
A destruição do acampamento Bela Vista e as ameaças de morte não são um fato isolado e foram mais um ataque da direita contra os trabalhadores sem-terra em menos de uma semana. Outro caso covarde da direita foi o assassinato por atropelamento do agricultor do MST, Luís Ferreira da Costa, durante um protesto pacífico na região de Valinhos, interior de São Paulo.
Há uma escalada de violência e mortes no campo nesses poucos meses de governo Bolsonaro. A violência dos latifundiários, a militarização dos órgãos responsáveis pela reforma agrária e agricultura familiar, a destruição do Incra e de todas as políticas de apoio e desenvolvimento de assentamentos rurais mostram que não é possível conviver com Bolsonaro até 2022.
Enquanto não houver reação dos movimentos sociais, sindicatos e da esquerda, a direita vai continuar sua ofensiva contra os sem-terra. A justiça e a polícia sempre atuaram contra a luta pela terra e não vai ser no atual momento político onde a direita bolsonarista está estimulando esse tipo de ação que vão mudar. O direito democrático fundamental de se defender e de se armar deve ser uma reivindicação imediata dos sem-terra.
A única maneira de frear essa violência é criar comitês de autodefesa e responder aos ataques da direita. A violência deve ser barrada através da própria luta dos trabalhadores rurais sem-terra que devem estar com as ferramentas necessárias para se defenderem.