Anderson Pérez Osorio, ex-combatente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), foi assassinado na última segunda-feira (17) em Caloto, departamento de Cauca.
Ele participou como acompanhante do processo de reconciliação com o regime colombiano, que fez com que as FARC abandonassem a luta armada e se transformassem em partido político com a mesma sigla, porém chamado agora Força Alternativa Revolucionária do Comum. Uma capitulação que teve seu preço.
Isso porque, apesar de todos os acordos que, teoricamente, garantiriam o fim da perseguição e repressão aos seus ex-membros, as FARC, agora partido político legalizado, continuam sendo brutalmente esmagadas. Não apenas institucionalmente – o Estado colombiano fez de tudo para evitar sua participação nas eleições presidenciais do ano passado, que levaram Iván Duque, de extrema-direita, ao poder.
Mas, também, continua a chacina promovida por paramilitares, milicianos, policiais e todo o tipo de agentes ligados diretamente ao Estado colombiano – um verdadeiro Estado terrorista, absolutamente controlado pelo imperialismo e repleto de influências com tendências fascistas.
Já são 136 os ex-combatentes das FARC que foram assassinados desde janeiro de 2016, quando foram assinados os acordos de paz entre a guerrilha e o governo. Isso significa que não adiantou absolutamente nada o acordo para as FARC. Praticamente toda a semana um ex-membro é morto.
A Colômbia é o país onde os movimentos populares mais sofrem em toda a América Latina. São milhares os lutadores sociais reprimidos pelo regime, centenas dos quais foram assassinados nos últimos anos, principalmente na área rural.
O regime colombiano é excessivamente repressivo e os acordos de paz não diminuíram essa repressão. Quando se tem como inimigo um Estado policial, dominado por paramilitares a mando do imperialismo, não há possibilidade de conciliação que garanta os mínimos direitos para a esquerda e o povo. Por isso mesmo alguns membros das FARC decidiram voltar para a luta armada, sabendo que não é nada seguro entregar as armas e que isso somente retrocede a luta popular. Por isso mesmo existe outro exército guerrilheiro, o ELN (Exército de Libertação Nacional), que não abandonou as armas.
A FARC pediu o fim do derramamento de sangue promovido pelo Estado, mas seria bom aprender com os erros, porque nos últimos anos tem demonstrado confiança demais no regime assassino. Não existe conciliação possível, é preciso mobilizar a classe trabalhadora em seus sindicatos e movimentos populares, os trabalhadores sem terra no campo, e organizar uma verdadeira luta contra o regime, que coloque a classe operária como agente central dessa luta.